Em seminário no Equador, Lula diz que América Latina não pode retroceder

  • Por Agencia EFE
  • 04/12/2014 00h52

Guayaquil (Equador), 3 dez (EFE).- O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu nesta quarta-feira que a América Latina não pode retroceder, pois conseguiu grandes avanços neste século que permitiram que região pudesse combater a desigualdade, fortalecer a democracia e melhorar sua economia.

“Não podemos retroceder”, afirmou Lula durante um discurso no seminário Integração e Convergência na América do Sul, que acontece em Guayaquil e antecede a cúpula da União das Nações Sul-Americana (Unasul) que será realizada amanhã e na sexta-feira nessa cidade e em Quito.

O ex-presidente declarou que, neste século, a América Latina conseguiu sair do “mapa mundial da fome”.

“Reduzimos fortemente a pobreza e a desigualdade”, disse Lula, após destacar que entre 2013 e o terceiro trimestre deste ano, o desemprego urbano na região caiu de 11% para 6% e que o salário mínimo experimentou um aumento real de 20% em quase todos os países sul-americanos.

“Ampliamos – e muito – o acesso à educação e saúde públicas, ao mesmo tempo em que trabalhamos para melhorar sua qualidade”, acrescentou Lula.

Também destacou que os países que aplicaram políticas de redistribuição de renda, geração de emprego e inclusão social tiveram crescimento econômico acima da média.

Além disso, Lula garantiu que a região agora está mais preparada para enfrentar as crises financeiras, como a que começou em 2008.

“A maioria de nossos países rejeitou a receita da recessão” que causou empobrecimento. No entanto, “um estudo da Cepal com países selecionados da América Latina e Caribe aponta que, entre 2009 e 2013, tivemos um crescimento médio de 7,8% na geração de empregos”, explicou.

“Isso mostra o acerto das políticas que adotamos para enfrentar os impactos da crise global – políticas soberanas, decididas sem a ingerência do FMI” (Fundo Monetário Internacional), disse o ex-presidente.

Assegurou que a América Latina realizou grandes esforços para “superar o papel que nos atribuíram no passado de meros exportadores de produtos primários” e que o desafio para o futuro é avançar pelo caminho do conhecimento e identificar complementaridades no processo produtivo. “Essa transição é crucial”, garantiu.

“Por isso mesmo, nossa capacidade de avançar na integração será determinante para a maneira como nossos países vão enfrentar a nova etapa da crise”, disse.

Para confirmar a importância da integração, Lula destacou que os países da região, em conjunto, representam um bloco de 600 milhões de habitantes e um produto interno bruto (PIB) superior a US$ 5,5 trilhões.

“Isoladamente, somos mais frágeis nas disputas políticas e econômicas de ordem global. Juntos, constituímos uma potência”, explicou.

Diante desse cenário, enfatizou, ao dirigir-se a Ernesto Samper, secretário-geral da Unasul, que os desafios dos países sul-americanos para conseguir a integração são muitos, especialmente, para aproveitar os recursos naturais, para ser mais eficientes nos temas produtivos e para manter a soberania da região.

Lula opinou que todos os avanços mencionados são importantes para a evolução histórica do processo de integração, “mas não são suficientes. Poderíamos e deveríamos ter feito muito mais”, disse, ao indicar que o avanço atual da integração não está à altura do potencial, nem das necessidades da região.

“A integração não é um problema; ela é parte da solução. Longe de mantê-la congelada, esperando tempos melhores, o que devemos fazer é acelerá-la”, ressaltou. EFE

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