Embargo a frigoríficos brasileiros deve derrubar preços no mercado interno

  • Por Diogo Patroni/Jovem Pan
  • 21/03/2017 17h13
SP - OPERAÇÃO/CARNE FRACA - ECONOMIA - Sessão de carnes de um Supermercado de São José dos Campos, no interior paulista, nesta terça-feira. O consumo de carne na cidade diminuiu e muitas pessoas estão na procura por peixes, após as denuncias da Operação Carne Fraca no país. 21/03/2017 - Foto: NILTON CARDIN/ESTADÃO CONTEÚDO NILTON CARDIN/Estadão Conteúdo preços carne fraca-Estadão Conteúdo

O estouro da operação Carne Fraca já trouxe sérias consequências ao agronegócio brasileiro. Nas últimas horas, Suíça, União Europeia, Egito, China, Chile, Jamaica e Hong Kong,  anunciaram o embargo à importação das carnes do País.

Além da imagem arranhada e má reputação, o Brasil pode sofrer ainda uma redução de 15 a 20% no faturamento proveniente da exportação de carnes. Em números totais, isso significa cerca de R$ 15 bilhões.

Apesar disso, o consumidor que não tiver criado preconceitos contra a carne nacional pode ser beneficiado. De acordo com o consultor em agronegócio e comentarista Jovem Pan, José Luiz Tejon, essa “crise” deve beneficiar o consumo no mercado interno. A explicação é simples: “o Brasil terá que se explicar publicamente para os compradores do exterior e a tendência é comercializar esses produtos ‘encalhados’ no mercado interno”, afirma Tejon.

Com mais produtos disponíveis, a tendência é que os preços caiam logo. “As plantas investigadas vão baixar os preços e nas próximas semanas já poderemos notas essas alterações”, diz.

O especialista alerta ainda que o consumo de grãos, hortaliças e pescados também pode aumentar substancialmente. Destaque para trigo, batata e tilápia. Já o consumo de frango não deve sofrer grandes alterações.

Ajuda ao concorrente

Indiretamente, a restrição às carnes brasileiras também pode beneficiar outros mercados concorrentes do Brasil, como Estados Unidos, Irlanda e Austrália. No entanto, segundo Tejon, as negociações devem ser retomadas entre seis e sete meses, principalmente por conta da boa repercussão das Leis de vigilância sanitária do Brasil.

“Essa é uma operação que pegou organizações legalizadas. É mais um caso de corrupção do que sanitário. Todos os lotes para o exterior são bem avaliados e os clientes têm consciência da imagem dos produtos brasileiros”, declara.

Por conta disso, o especialista cobra um esforço maior de toda a categoria, uma vez que é preciso olhar para a cadeia produtiva como um todo. “Temos a maior companhia de proteína animal do mundo. Não dá para focarmos apenas em market-share. Agronegócio é gestão responsável de toda a cadeia, que vai desde as cooperativas aos grandes produtores”, reitera.

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