Emílio Odebrecht admite erro da empresa

  • Por Estadão Conteúdo
  • 07/07/2016 09h46

No centro da maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro da história do Brasil, o grupo Odebrecht lançou, na última quarta-feira (6), um novo código de ética contra práticas ilícitas durante evento, realizado em hotel de São Paulo, pelo presidente do conselho de administração da holding, Emílio Odebrecht, com 170 executivos da empresa.

O filho do fundador da construtora, Norberto Odebrecht, morto em 2014, reconheceu erros da companhia, mas fez críticas à participação do Estado na esfera privada, “destaco, no Brasil, o sistema político-partidário, o excesso de burocracia e a exagerada interferência do Estado na vida do cidadão e das empresas”, ponderou Emílio.

Seu filho, Marcelo, está preso desde 19 de junho de 2015. O presidente afastado da companhia familiar foi condenado a 19 anos e quatro meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

“Temos de reconhecer nossa parcela de responsabilidade quanto às dúvidas sobre nossos comportamentos, ações, omissões e complacências que hoje existem junto à opinião pública”, referiu.

Como Marcelo, outros executivos do grupo foram condenados, como Márcio Faria, Rogério Araújo, César Ramos Rocha e Alexandrino Alencar. No fim de maio, a cúpula da empreiteira assinou acordo de confidencialidade com a força-tarefa da Lava Jato. É o primeiro passo para uma eventual delação premiada de Marcelo.

Sem choro

Chamadas de sistema de conformidade, as novas regras de conduta foram elaboradas a partir de visitas a empresas globais que adotam políticas rígidas de compliance (conformidade), de acordo com Sergio Foguel, coordenador do Comitê de Conformidade. Segundo o especialista, as punições podem ir do desligamento do funcionário ao descredenciamento de fornecedores, “não adianta chorar sobre o passado. Temos de adotar medidas para o futuro”. 

Há três meses, a Polícia Federal revelou a existência de um “departamento de propina” dentro da empresa ao deflagrar a Operação Xepa, em 23 de março passado. O setor obedecia a uma hierarquia com programas de contabilidade e comunicação próprios para pagamentos de valores irregulares.

Conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo, um dos executivos apontados como operadores de offshores do “departamento de propina” afirmou, em delação premiada, que o grupo chegou a comprar um banco para acomodar suas transações “suspeitas”. Vinícius Veiga Borin disse, em depoimento à força-tarefa da Lava Jato, que a empreiteira controlou 42 contas offshores no exterior, sendo que a maior parte delas foi criada após aquisição da filial de um banco, o Meinl Bank Antigua, no fim de 2010.

A movimentação financeira, contou, chegou a US$ 132 milhões. O delator foi o primeiro a falar em detalhes de transações do grupo com offshores. Ex-empregado do Antigua Overseas Bank, ele e outros ex-funcionários do AOB se associaram a dois executivos da central de propinas da empreiteira, segundo a Lava Jato, para adquirir a filial desativada do Meinl Bank, em território do paraíso fiscal.

Tolerância

Na dinâmica de grupo no hotel, o gestor expressou intolerância contra quebras de conduta dentro do conglomerado a partir de agora, “qualquer tipo de pagamento que possa ser interpretado como propina, suborno ou extorsão não será tolerado.”

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