Emoção e orgulho invadem Supremo dos EUA após legalização do casamento gay

  • Por Agencia EFE
  • 26/06/2015 22h24

Lucía Leal.

Washington, 26 jun (EFE).- A emoção e o orgulho se apoderaram nesta sexta-feira das escadarias da Suprema Corte dos Estados Unidos, onde centenas de pessoas compartilharam seu júbilo pela decisão sobre o casamento gay, sua esperança pelo impacto que terá nas novas gerações e a sensação que sua longa luta “valeu a pena”.

As dezenas de pessoas que tinham se reunido em frente ao Supremo no começo da manhã se transformaram em centenas após a divulgação do veredicto que considera o casamento homossexual um direito constitucional e, portanto, legaliza as uniões de casais do mesmo sexo em qualquer parte do país.

“Estivemos esperando este momento por muito tempo. (Não importa se são) dois pais, duas mães, uma mãe, um pai… O amor é amor. É uma questão de bom senso”, disse à Agência Efe o jovem Freddy Pérez, um nova-iorquino de origem mexicana que espera casar-se “algum dia” no estado que bem entender.

Uma enorme bandeira vermelha com o símbolo matemático da “igualdade” se estendia como um tapete a poucos metros de Pérez, rodeada das clássicas bandeirolas com as cores do arco-íris e cartazes com os lemas “O amor vence” e “Seja você mesmo”.

Em um extremo da escadaria, vestidos com idênticas camisas de quadros rosas e brancos, Bert Kubli e Mark McElreath contemplavam relaxados a multidão de famílias e grupos de amigos, tanto homossexuais como heterossexuais, que participavam da celebração.

“Nós nos casamos legalmente no Distrito de Columbia no dia 10 de março de 2010. Todos em nosso querido país deveriam ter o mesmo direito”, dizia o enorme cartaz que sustentavam, o mesmo que levaram perante o Supremo em abril, quando a corte escutou os argumentos sobre este caso.

McElreath, que tem 77 anos e “saiu do armário” quando tinha 55, e Kubli, a quem conheceu em 2001, se envolveram na batalha de milhares de ativistas para conseguir que outros em seu próprio país pudessem se casar como eles fizeram há cinco anos.

“Foi uma travessia incrivelmente longa para todos os que estivemos afetados diretamente, mas também foi uma longa odisseia para o país, e essa odisseia valeu a pena”, afirmou McElreath à Efe.

Ambos sabem que haverá resistência à decisão do Supremo nos estados mais conservadores e devido às “crenças religiosas” de alguns, mas “o país mudou tão rápido que já não se pode dar marcha à ré”, segundo McElreath.

“Esperamos que as pessoas que possam estar contrariadas por esta decisão vejam, com o tempo, que é algo bom, que pessoas boas estão se casando, e que a vida continua. Tenho certeza que, com o tempo, todos estaremos orgulhosos da decisão tomada hoje. Eu estou enormemente orgulhoso”, acrescentou Kubli.

O casal tem no total “quatro filhos e nove netos” e hoje pensa neles mais do que nunca.

“Este é um bom dia para eles também. As gerações mais jovens foram muito tolerantes e já estiveram apoiando a comunidade gay e lésbica durante muito tempo, mas isto permite a todos sentir o conforto de que isto é o correto”, explicou Kubli.

O mesmo pareciam pensar as muitas famílias que quiseram levar seus filhos às escadarias do Supremo, como uma mãe que aderiu à camiseta de seu filho um adesivo com a mensagem “Apoio à igualdade” ou o pai que, com sua filha ruiva nos ombros, lhe perguntava sorridente: “Você consegue ver bem?”.

Para Dacar, um jovem que vive com seu namorado Adam em Washington há um ano, o importante é que o Supremo decidiu que os homossexuais “já não são cidadãos de segunda classe”.

Abraçado a Adam e com óculos de sol coloridos, Dacar falou com a Efe sobre o “histórico” dia enquanto aumentava o volume dos gritos a seu redor: os litigantes que levaram o caso ao Supremo começaram a desfilar entre a multidão.

Foram recebidos por um homem fantasiado como a octogenária juíza do Supremo, Ruth Bader Ginsburg, uma dos cinco magistrados que votaram hoje a favor da sentença; uma lésbica cuja cartaz lembra os desafios pendentes para a igualdade dos homossexuais e dezenas de pessoas cujas câmeras do celular disparam incessantemente.

Entre a multidão, Dacar e Adam se ruborizam perante a pergunta de se planejam se casar. “Em algum momento sim. Esse sempre foi o plano, não?”, afirmou o primeiro. EFE

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