Empresas de shopping centers vendem ativos para aliviar balanço

  • Por Agência Estado
  • 11/10/2015 09h22
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DIVULGAÇÃO Shopping Pátio Higienópolis pode ser interditado

Diante de um cenário de juros elevados e consumo enfraquecido, as empresas do setor de shopping centers têm recorrido à venda de ativos para aliviar as operações e gerar capital. De acordo com especialistas ouvidos pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o movimento deve se fortalecer nos próximos meses, puxado por companhias mais alavancadas que passaram por um forte ciclo de expansão.

Entre as negociações mais recentes de ativos, a BR Malls informou a venda de participação em três empreendimentos – Center Shopping (RJ), Paralela (BA) e West Shopping (RJ) – pelo valor total de R$ 318 milhões. De acordo com a companhia, a operação possibilitará a utilização dos recursos provenientes da venda para otimizar a estrutura de capital e para investimentos que possuam maior rentabilidade.

De acordo com o analista Marcelo Motta, do JPMorgan, a perspectiva é de que as vendas de ativos ganhem força nos próximos meses, principalmente, por conta da busca de algumas empresas em reduzir o endividamento. No caso da BR Malls, por exemplo, a dívida líquida totalizava R$ 4,802 bilhões ao fim do segundo trimestre de 2015, enquanto a alavancagem medida entre dívida líquida e Ebitda ajustado anualizado chegava a 2,76 vezes

“Dado que a economia continua fraca, muitas empresas alavancadas tendem a vender ativos, pois os juros estão elevados e o custo de dívida fica mais caro”, explicou o especialista. Para ele, as companhias tendem a negociar ativos mais maduros, isto é, com menor perspectiva de crescimento, ou empreendimentos em que não possuam o controle majoritário da gestão.

O anúncio da BR Malls ocorreu alguns meses após medidas semelhantes da Aliansce e da General Shopping. Em julho, a Aliansce firmou um acordo para a venda de 35% das cotas do Fundo de Investimento Imobiliário Via Parque Shopping (RJ) por R$ 132,43 milhões, capital que deve ser utilizado, de acordo com executivos da empresa, para reduzir alavancagem e ajudar a liquidar dívida de curto prazo. Ao fim do segundo trimestre, a dívida líquida da Aliansce era de R$ 1,641 bilhão, enquanto sua alavancagem atingia 4,4 vezes.

O caso da General Shopping, no entanto, é mais complicado e as negociações de ativos devem ser intensas nos próximos meses, de acordo com especialistas. Em abril, a empresa informou que acertou a venda do Shopping Light por R$ 141,145 milhões, por meio da sua controlada Levian Participações e Empreendimentos. Com exposição de dívida dólar, a companhia vem enfrentando dificuldades para quitar obrigações e já informou uma emissão de ações com esforços restritos para captar recursos.

“A situação da General Shopping é mais delicada. É difícil prever o próximo movimento, mas novas vendas de ativos serão necessárias”, disse uma fonte de uma corretora nacional. Em setembro, a General Shopping anunciou uma emissão de ações com esforços restritos, cujos recursos devem ser utilizados para diminuir o nível de endividamento, inclusive com a recompra de títulos emitidos no exterior, e também para capital de giro.

Estrangeiros

Do outro lado das negociações, os analistas têm ressaltado o interesse de investidores estrangeiros, que se beneficiam da desvalorização do real. A negociação da Aliansce, por exemplo, foi feita com o Government Of Sinagapore Investment Corporation (GIC), que é o fundo de investimento de Cingapura.

Além dos estrangeiros, companhias brasileiras com caixa mais robusto, como Iguatemi e Multiplan, também podem contribuir com o lado comprador, mas esse movimento deve ser pontual e oportunístico. Recentemente, a Iguatemi anunciou a aquisição de 8,4% do shopping Pátio Higienópolis, passando a deter uma participação total de 11,2% no empreendimento. O acordo foi firmado com a Fundação Conrado Wessel por um valor total de R$ 125 milhões.

Para Motta, do JPMorgan, a Iguatemi “aproveitou o momento e encontrou uma oportunidade de expandir, em um empreendimento bem localizado e voltado para alta renda. Mas casos como esse devem ser mais pontuais. Não é regra, é a exceção frente a situação atual do País”, afirmou.

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