Encontro tentará dar fim a crise de um mês entre Colômbia e Venezuela

  • Por Agencia EFE
  • 19/09/2015 22h20
EFE/Efrain Herrera Presidente da Colômbia Juan Manuel Santos cumprimenta oficiais da Guarda Nacional Bolivariana

A crise na fronteira entre Colômbia e Venezuela completou um mês neste sábado (19) com as passagens fechadas e a perspectiva de que o encontro dos presidentes Juan Manuel Santos e Nicolás Maduro, nesta segunda-feira (21) em Quito (Equador), resolva a situação.

Além da tensa questão política, o fechamento das fronteiras provoca uma profunda crise social na qual estão imersas mais de 20 mil que retornaram à Colômbia. A isso se somam às milionárias perdas entre os comerciantes que, em ambos os lados, já não têm mais o mesmo número de clientes.

Mas talvez o pior dos dramas humanitários seja o das famílias que tiveram que se separar pela expulsão de algum familiar ou porque foram obrigadas a retornar à Colômbia pelo medo de passar pela mesma situação.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, foi fechando paulatinamente as passagens com a Colômbia, justificando que com essas manobras está eliminando a presença de supostos paramilitares da Colômbia. Os dois governos concordam que em algumas áreas da fronteira de 2.219 quilômetros esse mal existe, mas as fórmulas para combater diferem radicalmente.

A crise binacional começou em 19 de agosto com o fechamento da principal passagem de fronteira, entre a cidade colombiana de Cúcuta e as cidades venezuelanas de San Antonio del Táchira e Ureña. Depois veio a declaração de estado de exceção na região por parte do Executivo venezuelano. Posteriormente, Maduro estendeu a medida a La Guajira (Colômbia) e Zulia (Venezuela) e as passagens entre Arauca e Apresse.

O governo colombiano não cansa de pedir que os direitos humanos sejam respeitados e lançou uma série de medidas econômicas para salvar a economia dessas regiões. O governo também adotou medidas de alívio no tocante a impostos, moradia, emprego e comércio, cujo objetivo é melhorar a situação dos afetados pela crise na fronteira. Ao declarar a emergência econômica, o governo pode simplificar os processos e os encurtar o tempo para assinar contratos que lhe permitem conseguir atendimento social, reintegração familiar, fazer convênios e definir a situação militar.

Os dois departamentos colombianos mais afetados pelas ações de Maduro são Norte de Santander e La Guajira. A situação ficou mais complexa em Cúcuta, a capital de Norte de Santander, porque a chegada em massa de pessoas à cidade se soma ao fato de esta ser uma das regiões com a maior taxa de desemprego do país: 13,4%, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística (Dane).

A crise na fronteira foi colocada na Colômbia como uma oportunidade para a economia nacional deixar de ser atrelada às relações comerciais com o país vizinho, com o qual até 2010 se alcançava uma troca comercial de US$ 8 bilhões, que depois se reduziu a US$ 3 bilhões.

Apesar do obscuro cenário, existe uma grande perspectiva no país de que a reunião de segunda-feira em Quito entre os presidentes Santos e Maduro seja uma janela que se abre para começar a solucionar a crise. Santos insistiu que o encontro não será apenas “para fazer uma foto, mas para apertar a mão e para que tudo siga bem”.

A reunião foi possível após gestões diplomáticas da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) e a União de Nações Sul-americanas (Unasul). As presidências pró-tempore destes dois organismos estão a cargo do Equador e do Uruguai, cujos presidentes, Rafael Correa e Tabaré Vázquez, respectivamente, também participarão do encontro.

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