Engenheiro que projetou barragem afirma que alertou Samarco sobre “princípio de ruptura”

  • Por Jovem Pan
  • 16/01/2016 12h16
Bento Rodrigues EFE Veja mais imagens da destruição causada por rompimento de barragem em Minas

O engenheiro projetista da estrutura da barragem do Fundão, da Samarco, alertou, um ano antes desta se romper que existia um “princípio de ruptura” na margem esquerda do reservatório.

O jornal Folha de S. Paulo obteve o depoimento do engenheiro à Polícia Federal. Neste, ele afirmou que a situação era “severa” e que era necessária uma “providência maior do que a que a Samarco estava tomando”.

O engenheiro Joaquim Pimenta de Ávila prestou as informações em dezembro, quando afirmou sobre o aparecimento de uma trinca. Além de ser projetista, Ávila era o responsável oficial pela barragem pelo menos até 2012.

Segundo ele explicou, o reforço construído na barragem não considerou a liquefação – quando a estrutura da barragem pessa do estado sólido para o líquido – e isso pode resultar em rompimento. Analisada em setembro de 2014 pelo engenheiro, a trinca foi descoberta pela Samarco um mês antes.

Após ser afastado da Samarco em 2012, o engenheiro começou a prestar consultoria à mineradora em 2014. Em uma de suas consultorias, Ávila recomendou que fosse feito o redimensionamento do reforço na estrutura, a instalação de pelo menos nove piezômetros (instrumento utilizado para medir a pressão da água no solo) e o acompanhamento diário do nível da água, porque caso ele subisse, a empresa deveria bombeá-la para fora da barragem.

Em depoimento à PF, o engenheiro disse não ter tido retorno da Samarco sobre as ações. Ávila afirmou que solicitou os cálculos do que foi feito para a engenheira responsável pela barragem de Fundão, Daviély Rodrigues Silva. Ela, no entanto, afirmopu que o disco rígido de seu computador havia queimado e seus dados tinham sido perdidos.

O engenheiro projetista da estrutura não foi indiciado. Entretanto, segundo a Polícia Federal, as investigações continuam e novos indiciamentos ainda podem acontecer. Ávila disse à PF que a trinca apareceu em um recuo feito na barragem, que não estava em seu projeto.

A ruptura indicada pelo engenheiro em 2014 estava neste recuo, inicialmente com 25 metros. À PF ele informou que, no momento do rompimento, atingia 40 metros.

Em nota, a mineradora Samarco disse que todas as ocorrências surgidas no processo de manutenção de barragens em 2014 foram tratadas.

*Informações do jornal Folha de S. Paulo

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