Enviado especial da ONU à Síria defende criação de zonas livres de conflito

  • Por Agencia EFE
  • 30/10/2014 20h58
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Nações Unidas, 30 out (EFE).- O enviado especial da ONU à Síria, Staffan de Mistura, propôs nesta quinta-feira que sejam estabelecidas no país zonas livres de conflito armado para resolver temas humanitários e buscar soluções políticas.

De Mistura, que foi designado para o cargo em 10 de julho, compareceu nesta quinta-feira pela primeira vez diante do Conselho de Segurança da ONU para dar sua visão sobre o conflito sírio, após passar 40 dias na região.

O diplomata italiano disse que uma das “zonas de exclusão” do conflito armado seria a cidade de Aleppo, que vive uma “trágica situação” por causa da troca de ataques entre rebeldes e o governo e também pelas ameaças de grupos radicais islamitas.

Em breves declarações aos jornalistas na saída da reunião do conselho, que aconteceu a portas fechadas, disse que o ideal seria que as experiências nessas regiões fossem se estendendo a outros lugares, até alcançar resultados nacionais.

De Mistura reconheceu que, após semanas a cargo do tema, “seria presunçoso” dizer que tem um plano de paz, mas confirmou que estava forjando um “plano de ação” que inclui sua ideia das “zonas de exclusão” no conflito.

Se conseguir fechar esse acordo com o regime de Bashar al Assad e os grupos rebeldes, temas vinculados à “horrível situação” que os civis na Síria vivem desde que surgiu o conflito, há três anos, poderiam ser resolvidos.

A ameaça que as ações dos jihadistas do Estado Islâmico representam no Iraque e na Síria pode ser um “desencadeador” para resolver o conflito sírio porque tanto o governo como os rebeldes são contra seu avanço.

“As pessoas estão sofrendo demais e em todas as direções”, disse o enviado especial, e lembrou que o conflito vivido no país “está beneficiando o EI”.

De Mistura revelou que o terrorismo do Estado Islâmico foi um dos temas analisados em Damasco com Assad e que o presidente da Síria também está preocupado.

E acrescentou que se Assad é contra o terrorismo do Estado Islâmico e de outros grupos radicais islamitas, “o próximo passo é promover um processo político”.

O diplomata anunciou que em breve voltará à região, mas não detalhou os países que visitará e quando.

Ao comentar a proposta de Mistura, o embaixador da Síria na ONU, Bashar Yafari, disse que o enviado especial da ONU não tinha analisado essa proposta com o governo de Damasco, mas afirmou que se reunirá amanhã com o diplomata italiano.

“É só o resultado de sua viagem de 40 dias na zona. Meu governo vai a analisar esta proposta”, disse Jaafari em declarações aos jornalistas na sede da ONU.

Ele acrescentou que a ideia, “basicamente falando”, é do governo da Síria porque já tem pedido aos rebeldes “que não tenham as mãos manchadas de sangue”, que deponham as armas e se somem a um processo de reconciliação nacional “em toda Síria”.

O conflito armado que explodiu na Síria, no calor da “primavera árabe”, já deixou mais de 200 mil mortos e beneficiou o avanço do grupo Estado Islâmico no Iraque e na Síria. EFE

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