Epidemia de ebola faz disparar demanda por roupas de proteção

  • Por Agência EFE
  • 11/10/2014 18h34
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A demanda pelos trajes de proteção utilizados contra o ebola disparou com o avanço da epidemia, enquanto organizações e centros de saúde estão oferecendo cursos sobre seu uso, pois esse equipamento só evita o contágio se o protocolo adequado for seguido com rigidez.

A fabricante americana Dupont, cujos trajes de proteção são utilizados por organizações como a Médicos Sem Fronteiras (MSF), triplicou sua produção com o surto da doença na África Ocidental.

Kimberly-Clark, outra empresa dos EUA dedicada ao material de proteção, também registrou uma crescimento nas vendas, enquanto a Lakeland Industries viu suas ações dispararem na bolsa nesta semana.

Na loja virtual Amazon estão disponíveis vários modelos de roupas protetoras da Dupont com preços que variam entre US$ 10 e 200 em função de seu nível de proteção, enquanto a MSF adquire cada Equipamento de Proteção Individual (EPI) completo a uma média de US$ 52.

O EPI estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para tratar o ebola deve cobrir toda a superfície do corpo e incluir um macacão impermeável, luvas, máscara, óculos e botas.

“Quando se atende um paciente com ebola ou em quarentena por suspeita da doença é preciso utilizar o traje completo: macacão, avental, capuz, luvas, óculos e botas”, explicou à Agência Efe Olímpia de la Rosa, que trabalhou na África como coordenadora médica de Unidade de Emergências da MSF.

“Também durante o transporte de doentes e cadáveres na manipulação de resíduos contaminados”, acrescentou.

A médica destacou que não há um “traje específico para o ebola”, mas o EPI de máxima proteção, o mesmo que se usa em zonas da África atingidas pela febre de Lassa e outras doenças hemorrágicas e muito contagiosas.

Os EPI disponíveis até o momento são “muito incômodos” para os trabalhadores de saúde, pois, com os movimentos, a sensação dentro do traje é sufocante.

Isto faz com que o tempo máximo de utilização do equipamento seja de uma hora e meia ou duas, até menos em ambientes muito quentes e úmidos, o que não só dificulta o trabalho dos especialistas, mas também multiplica o número de trajes necessários para enfrentar a epidemia.

Para buscar uma solução para este problema, a Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID) abriu uma convocatória de ideias para financiar o projeto de um novo traje de proteção mais respirável.

Assim como aumenta a demanda pelos EPI, se intensifica a advertência das autoridades sobre a necessidade de cumprir de forma rígida os protocolos de uso.

Com a chegada dos primeiros casos a Estados Unidos e Europa, os centros de saúde preparam seus funcionários para o uso correto do EPI com seminários, oficinas e vídeos explicativos.

“Sobretudo, é importante aprender bem como retirar o traje, esse momento é chave, pois o material já estará contaminado”, explicou à Efe a doutora Christina Gagliardo, que trabalha no atendimento de doenças infecciosas em um hospital de Nova York.

Para garantir que, ao retirar cada uma das peças, não haverá nenhum movimento de reflexo, como encostar no rosto e nos olhos com a luva contaminada, essa ação é sempre feita em dupla.

“Uma segunda pessoa supervisiona que a remoção do traje será feita de forma correta, porque não há margem para o erro em uma doença como o ebola”, explicou Christina.

A OMS estima que são necessários 3 milhões de EPIs para enfrentar a epidemia. Cerca de 400 mil trajes já foram enviados para a África Ocidental, onde o ebola afetou mais de 7,4 mil pessoas e causou mais de 3,4 mil mortes.

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