Epidemia de ebola na África Ocidental é grave e continua aumentando

  • Por Agencia EFE
  • 28/05/2014 14h14
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Genebra, 28 mai (EFE).- A epidemia de ebola na África Ocidental é grave e ainda está em processo de expansão, já que os trabalhos de controle são feitos com pouca ou nenhuma colaboração das comunidades, disse nesta quarta-feira Pierre Formenty, médico-cientista da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Membro do Departamento de Controle de Doenças Epidêmicas da OMS, ele destacou que essa é a primeira vez em que se identifica e se confirma uma epidemia de ebola na África Ocidental, pois até agora ela sempre se manifestava na África Central. Além disso, ressaltou que o desconhecimento da população de África Ocidental sobre a gravidade do vírus e, sobretudo, sobre como é dada a transmissão constitui um problema.

Segundo Fromenty, provavelmente, nessa região a epidemia teve origem em Gueckedou, no sudeste de Guiné – próximo à fronteira com Serra Leoa e Libéria – e o vírus foi sendo transmitido de cidade em cidade (até afetar mais de 30 comunidades) durante a realização de funerais. Nessa região, é comum lavar os corpos das pessoas mortas e, até mesmo, abraçá-los e beijá-los antes de ser enterrados, daí o risco evidente de contágio.

“A pele contém o vírus. Assim, o contato direto com ela é uma via de transmissão muito clara”, explicou.

O vírus do ebola apareceu pela primeira vez no mundo em 1976 no Zaire (atual República Democrática do Congo) e no Sudão. Sua transmissão acontece pelo contato direto com o sangue, os fluidos e tecidos corporais de pessoas ou animais infectados.

Segundo o médico, grupos multidisciplinares da OMS desdobrados na região trabalham com antropólogos e assistentes sociais que tentam explicar às comunidades o processo de contágio para evitar as ações de risco.

“Infelizmente, por enquanto, em muitos casos não tivemos sucesso. Ainda há muitas reservas, muito medo, e, portanto, muito secretismo, o que só leva a mais contágios”, disse.

Segundo ele, a doença está em expansão não só pelo aumento dos casos, mas porque o comportamento social não contribui para frear o contágio. Até o momento, foram contabilizados 281 casos suspeitos e 185 mortes em Guiné. Destes, 160 casos e 103 mortes puderam ser confirmados em laboratório. Em Serra Leoa foram detectados 16 casos suspeitos – sete foram confirmados em laboratório – e sete mortes.

“No entanto, achamos que este número está subestimado porque o controle não foi suficiente”, especificou.

Na Libéria, até 9 de abril não havia sido detectado qualquer caso. Isso significa que o período de incubação do vírus, que é de dois a 21 dias com um pico aos sete, foi superado. Até o momento, também não foram detectados casos em outros países da região.

O médico informou que essa é a primeira vez que se identifica e confirma o vírus do ebola nessa parte do mundo. Contudo, ele e parte da comunidade científica internacional acreditam que anteriormente existiram casos, focos e epidemias, mas que não foram detectados e, tampouco confirmados.

“Todos os anos, aparecem supostos surtos de cólera na região com sintomas que são idênticos aos do ebola”, explicou.

O especialista é prudente, mas confiante de que, com o tempo e diálogo, será possível vencer o vírus.

“Não podemos dizer que a epidemia está controlada porque segue se expandindo, mas devemos acabar com ela, e estou convencido que a venceremos”, finalizou. EFE

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