Equador ficou contente com decisão da Suécia de falar com Assange

  • Por Agencia EFE
  • 15/03/2015 00h52

Quito, 14 mar (EFE).- O ministro de Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, disse neste sábado que o governo ficou “contente” com o anúncio de que a Suécia tomara o depoimento de Julian Assange na embaixada equatoriana em Londres, mas também “indignados” pela demora na decisão.

“Estamos muito contentes por um lado, pelo fato de que se tenha tomado a decisão de fazê-lo (o depoimento), mas também indignados pelo fato de que tenham levado tanto tempo e alguém terá que responder por essa violação aos direitos humanos de Julian Assange”, disse Patiño à imprensa.

Segundo ele o governo viu “muita satisfação” o seu pedido, feito há dois anos e meio à justiça da Suécia, ser atendido, mas lamentou que Assange tenha precisado ficar confinado na embaixada do Equador em Londres por cerca de mil dias.

“Quem pagará a Julian Assange pelos mil dias de confinamento absurdo, ilegítimo e injusto?”, questionou o chanceler.

Para o chanceler, esta é uma nova demonstração de que em política internacional se deve atuar com “firmeza, coragem e princípios, e não por conveniências, não se acomodando às circunstâncias, não com medo”.

O presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou hoje que darão “todas as facilidades” para a realização do depoimento de Assage, fundador do Wikileaks, e asilado na embaixada do país andino em Londres por medo de ser extraditado paraos Estados Unidos e julgado por revelar informação confidencial.

A Suécia informou ontem que a promotora superior Marianne Ny enviou uma solicitação aos advogados de Assange para interrogar o fundador do Wikileaks em Londres no caso de quatro supostos crimes sexuais de que ele é acusado e pelos quais, em 2010, foi ditada uma ordem de prisão preventiva à revelia na Suécia.

O motivo da mudança de decisão de Ny, que até ontem se negava a viajar para Londres, é que vários dos delitos pelos quais Assange é acusado prescrevem em agosto de 2015, explicou a procuradoria em comunicado.

Em seu relatório semanal de trabalhos, Correa afirmou que a decisão de interrogar a Assange em Londres “é uma grande notícia”.

“É o que devia ter sido feito há mil dias, desde o início, desde que Julian Assange foi asilado na embaixada do Equador”, comentou Correa ao apontar que seu país “jamais” teve a intenção de interferir na justiça sueca.

A investigação do caso aberto na Suécia de crimes sexuais contra Assange deu ontem um giro com a decisão da promotoria de tomar em Londres o depoimento do jornalista australiano, cuja organização divulgou milhões de documentos secretos, entre eles milhares do Pentágono americano.

Assange, a quem Equador concedeu asilo político em 16 de agosto de 2012, é investigado por quatro crimes contra duas mulheres quando visitou a Suécia em agosto de 2010, mas nunca chegou a ser formalmente acusado.

O processo esteve rodeado de polêmica sobre a solidez das denúncias e os motivos das litigantes, vazamentos à imprensa, substituições de promotores e a reabertura de um caso que tinha sido reduzido inicialmente a um delito menor.

Assange foi detido em Londres em dezembro de 2010 e então começou um longo processo judicial no Reino Unido. Quando o Supremo britânico rejeitou seu último recurso o Equador concedeu asilo político ao australiano para evitar que ele pudesse ser enviado da Suécia aos Estados Unidos, onde poderia enfrentar um julgamento militar pela informação confidencial divulgada no Wikileaks. EFE

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