Erdogan apoia data de 1º de novembro para eleições antecipadas
Ancara, 21 ago (EFE).- O presidente Recep Tayyip Erdogan se pronunciou a favor da realização de eleições legislativas antecipadas em 1º de novembro na Turquia, enquanto um governo de transição assume as rédeas do país.
“Se Deus quiser, a Turquia votará em novas eleições em 1º de novembro”, disse o presidente turco aos jornalistas que o aguardavam na saída de uma mesquita em Istambul.
A Junta Eleitoral propôs ontem essa data para a possível eleição antecipada, após as negociações para formar um governo de coalizão fracassarem.
O próprio Erdogan é o encarregado de convocar as eleições, depois de os partidos representados no parlamento expressarem sua opinião sobre a data proposta.
“O presidente pode convocar eleições antecipadas de acordo com a Constituição? Sim, pode”, afirmou Erdogan com contundência sobre suas atribuições.
O prazo de 45 dias para formar um governo expira no próximo domingo e o atual primeiro-ministro interino, Ahmet Davutoglu, devolveu a incumbência a Erdogan após não conseguir convencer nem os social-democratas nem os nacionalistas a se juntarem em um Executivo de coalizão.
“Vou ter uma reunião com o presidente do parlamento no final dos 45 dias e depois levaremos nosso país a eleições antecipadas, esperando o melhor”, afirmou Erdogan.
Davutoglu já propôs ontem formar um governo de transição, até a realização de novas eleições, que teria a participação de todos os partidos do parlamento, exceto o pró-curdo HDP.
Nas eleições gerais de 7 de junho, o islamita Partido da Justiça e o Desenvolvimento (AKP), fundado por Erdogan e presidido agora por Davutoglu, perdeu a maioria absoluta que ostentava desde 2002.
Por seis semanas o primeiro-ministro tentou formar uma coalizão, primeiro com o social-democrata Partido Republicano do Povo (CHP) e depois com o Movimento de Ação Nacionalista (MHP).
Alguns analistas disseram há semanas que Erdogan pretendia com um novo pleitoa maioria absoluta que seu partido perdeu em junho.
Com essa grande maioria, o AKP reiterou seu desejo de reformar a Constituição e criar um sistema presidencialista que permita a Erdogan exercer poderes executivos como chefe do Estado.
No meio desta instabilidade política houve uma escalada da violência desde a ruptura, mês passado, de dois anos de cessar-fogo entre o Estado e a guerrilha curda do PKK, e desde então cerca de 50 membros das forças de segurança morreram em diferentes atentados.
O governo turco lançou no final de julho uma “dupla ofensiva antiterrorista” contra os jihadistas do Estado Islâmico na Síria e a guerrilha do PKK no sudeste da Turquia e o norte do Iraque após a onda de atentados em julho.
No entanto, até agora os ataques aéreos turcos e as operações policiais se centraram na guerrilha curda e em outros grupos armados de esquerda.
Muitos analistas advertiram que a escalada de violência afasta potenciais investidores, o que pode afetar uma economia já debilitada. EFE
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