Erdogan dá por encerrado processo de paz com guerrilha curda na Turquia
Istambul, 28 jul (EFE).- O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, deu por encerrado o processo de paz iniciado em 2013 com a guerrilha curda e afirmou nesta terça-feira confiar que a Otan tomará as decisões apropriadas para apoiar seu país.
Erdogan acusou a guerrilha do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) de ter se “aproveitado” do plano de paz e garantiu que seu país continuará atacando suas posições no norte do Iraque.
“Não é possível manter o processo de paz com quem ameaça a união nacional e a irmandade”, disse em entrevista coletiva antes de iniciar uma viagem oficial de dois dias à China, onde se reunirá com o primeiro-ministro, Xi Jinping.
O político conservador afirmou que a Turquia continuará a campanha de ataques aéreos contra os abrigos do PKK no norte do Iraque, iniciada na sexta-feira, tema que será debatido hoje na reunião extraordinária da Otan, realizada a pedido de Turquia.
Sem dar detalhes, Erdogan disse confiar que a Aliança dará os passos apropriados e estará pronta para apoiar seus sócios em seu direito de se defender.
Também prometeu “não dar nenhum passo atrás” na luta contra o terrorismo e os atos violentos na Turquia e destacou que “qualquer mascarado que levar armas ou um coquetel molotov terá que responder primeiro às forças de segurança e depois para a justiça”.
“A República da Turquia tem direito de cobrar pelo sangue de nossos mártires a todos os assim chamados políticos, os assim chamados intelectuais, as assim chamadas associações da sociedade civil”, ameaçou o presidente.
Erdogan defendeu a “sinceridade” do governo que era liderado por ele quando começaram os contatos com a guerrilha curda para tentar acabar com um conflito que desde 1985 deixou 40 mil mortos.
As conversas entre o Estado e a guerrilha levaram ao anúncio em 2013 de uma trégua do PKK, que inclusive retirou boa parte de suas tropas do solo turco.
O frágil cessar-fogo esteve marcado por choques esporádicos, sem comparação com a guerra aberta dos anos anteriores, e a acusação da comunidade curda de que Ancara não cumpria sua promessa de dar mais direitos para os 12 milhões de curdos da Turquia.
Nas eleições do junho, o partido pró curdo HDP teve um resultado histórico que o permitiu entrar pela primeira vez no parlamento, mas foi impedido pelo islamita AKP, fundado por Erdogan, que renovou a maioria absoluta com a qual governa desde 2002.
Setores curdos acusam o AKP e o governo de buscar uma intensificação do conflito curdo para prejudicar eleitoralmente esse partido, já de olho em novas eleições. EFE
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