Erradicação da poliomielite no sudeste da Ásia encurrala a doença
Nova Délhi, 27 mar (EFE).- A Organização Mundial da Saúde (OMS) certificou nesta quinta-feira que a pólio foi erradicada na Índia e no sudeste asiático, o que deixa a doença restrita a apenas 20% do planeta.
“É uma grande vitória para milhões de profissionais da saúde que trabalharam com governos, ONGs, sociedade civil e parceiros internacionais para erradicar a pólio da região”, declarou a diretora-geral da OMS na Região Sudeste da Ásia, Poonam Khetrapal Singh, em entrevista coletiva em Nova Délhi.
“Agora que o programa de vacinas da pólio chegou a cada cantinho, não há desculpa para não atender outros serviços de saúde críticos como nascimentos seguros, tratamentos para a tuberculose e prevenção do contágio por HIV”, acrescentou Khetrapal.
A poliomielite é uma doença virótica contagiosa que pode afetar o sistema nervoso central e causar paralisias, e trata-se de uma doença que não tem cura, mas cuja prevenção através de vacina oral é fácil.
O último país a adquirir o status de isento de pólio foi a Índia, epicentro da doença até há pouco e onde não se registra um novo surto há três anos.
O último caso da doença na Índia foi registrado em uma menina de dois anos na região de Bengala (nordeste), em 13 de janeiro de 2011, um marco, quando se compara com os 43 casos de 2010, os 741 de 2009, os 6.028 de 1991 e os 150 mil de 1985.
O sucesso foi alcançado com campanhas de imunização em massa na qual são aplicadas cerca de 2,3 milhões de vacinas sob a supervisão de aproximadamente 155 mil pessoas, que fornecem a vacina oral a cerca de 172 milhões de crianças menores de 5 anos em todo o país.
Na agressiva campanha contra a doença no gigante asiático colaboraram o governo indiano, a OMS, o Unicef, o Rotary e a Fundação Bill e Melinda Gates.
A OMS declara um país livre de pólio após um ano sem qualquer caso e considera que a doença foi erradicada se não for registrada uma nova infecção em três anos.
Com a certidão da Índia como livre de pólio, a doença foi declarada erradicada pela OMS na região no sul e no leste da Ásia – Bangladesh, Butão, Coreia do Sul, Indonésia, Maldivas, Mianmar, Nepal, Sri Lanka, Tailândia e Timor-Leste.
Essa região se une assim ao continente americano, que erradicou a pólio em 1994, ao Pacífico Ocidental, que eliminou a doença em 2000, e à Europa, que o alcançou em 2002.
Esses marcos de saúde permitiram que 10 milhões de pessoas possam caminhar ao não haver contraído a doença e que preveniu a morte de 1,5 milhão de crianças, de acordo com as estimativas da OMS.
De acordo com a OMS, 80% da população mundial vive em regiões sem pólio atualmente.
As únicas regiões da OMS onde a pólio continua causando estragos são a África e o Mediterrâneo Oriental, mas a doença só é endêmica no Paquistão – país que não está incluído no sudeste asiático – Nigéria e Afeganistão.
A cidade paquistanesa de Peshawar foi declarada no início do ano pela OMS como o maior reservatório mundial de vírus da pólio.
Após registrar 57 casos em 2012, o número de infecções no Paquistão subiu para 91 no ano passado, com o que o país lidera amplamente a classificação de países com maior incidência dessa doença do sistema nervoso.
A campanha de vacinação no Paquistão foi muito dificultada pela ação de radicais que atacam as equipes de saúde que aplicam as vacinas e 20 pessoas morreram, incluindo soldados, policiais, vacinadores e duas crianças que receberiam suas vacinas.
Em 2013, cerca de 30 pessoas morreram em ataques contra a campanha de imunização no Paquistão.
No Afeganistão foram registrados 13 casos da doença em 2013 e, no início deste ano, dois novos surtos em Cabul, o que levou o governo a lançar uma campanha de vacinação. Na Nigéria, por sua vez, houve 53 casos no ano passado.
A OMS espera que a pólio seja erradicada totalmente em 2018. EFE
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