Escândalo de espionagem abala “grande coalizão” de Merkel na Alemanha

  • Por Agencia EFE
  • 16/05/2015 17h03

Premiê alemã Angela Merkel na sede da Comissão Europeia EFE Premiê alemã Angela Merkel na sede da Comissão Europeia

O escândalo da cooperação ilegal entre os serviços secretos da Alemanha e dos Estados Unidos está causando abalos na coalizão de governo formada pelos conservadores da chanceler Angela Merkel e os social-democratas do SPD.

Diferentes meios de comunicação alemães informaram neste sábado (16) que vários dirigentes do SPD, parceiro de governo, exigiram que a chanceler revele a polêmica lista de milhares de “seletores” (números de telefone, endereços de e-mail e termos) que os serviços secretos dos Estados Unidos supostamente passaram a seus colegas alemães.

Segundo informações divulgadas nas últimas semanas em vários jornais alemães, tudo indica que a inteligência alemã fornecia aos Estados Unidos todas as comunicações que interceptava fora da Alemanha e nas quais aparecia algum desses “seletores” solicitados.

Entre estas buscas filtradas entre milhões de ligações telefônicas e e-mails, entre outros, alguns meios de comunicação alertaram que também havia comunicações de governos aliados da Alemanha, como França e Áustria, e empresas europeias, como a Airbus.

A secretária-geral do SPD, Yasmin Fahimi, assegurou em declarações ao jornal “Tagesspiegel” que a Alemanha não deve se transformar em “vassalo” dos Estados Unidos e fornecer a lista íntegra ao Bundestag (câmara baixa alemã) sem esperar, como está fazendo a chancelaria, a permissão de Washington.

O governo alemão, por sua parte, alega que o acordo bilateral na matéria exige uma autorização por escrito para revelar a documentação relacionada com os serviços secretos.

A revista “Der Spiegel” publicou neste final de semana que o presidente do SPD, Sigmar Gabriel, ministro da Economia e vice-chanceler de Merkel, também é favorável a que se entregue a lista completa ao Bundestag.

O chefe do grupo parlamentar social-democrata, Thomas Oppermann, também está a favor da divulgação dos “seletores”, por considerar “importante poder avaliar se houve tentativas de espionagem inadmissíveis”, como assinalou hoje ao jornal “Rheinische Post”.

No entanto, não há unanimidade dentro do SPD, já que o titular alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, não considera positivo dar este passo.

Steinmeier foi ministro de chancelaria – e portanto responsável pelos serviços secretos – durante o governo do social-democrata Gerhard Schröder.

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