Escândalos de corrupção marcam início da liderança grega na UE

  • Por Agencia EFE
  • 14/01/2014 18h05
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Andrés Mourenza.

Atenas, 14 jan (EFE).- Os escândalos de corrupção que explodiram nas últimas semanas marcaram o início da presidência grega da União Europeia (UE), em um momento em que o país quer demonstrar que sua crise não o impedirá de conduzir os assuntos europeus.

Corrupção na concessão de créditos de um banco semipúblico, subornos na compra de armamento, evasão fiscal e utilização indevida de fundos europeus foram ocupando mais e mais páginas na imprensa local.

Os escândalos afetam tanto o partido social-democrata Pasok como o conservador Nova Democracia, os únicos que governaram a Grécia desde 1974 e que atualmente formam uma frágil coalizão de governo.

Hoje, dois fiscais anticorrupção recolheram o depoimento de um dos principais envolvidos no “caso Postbank”, o empresário Dimitris Kondominas, que se encontra hospitalizado, apesar de a Justiça ter a intenção de realizar prisão preventiva, com libertação mediante o pagamento de uma fiança de 5 milhões de euros, valor mais alto que o normal.

Kondominas é um dos 25 acusados do caso que responsabiliza a direção do Hellenic Postbank pela concessão de créditos sem garantias no valor de mais de 400 milhões de euros a diversos empresários, que utilizavam o dinheiro para despesas pessoais e não devolviam as quantias retiradas.

Entre os acusados está Anastasia Sakellariu, presidente do Fundo de Estabilidade Financeira da Grécia (HFSF), órgão que desempenha um papel fundamental no processo de recapitalização e reestruturação do sistema bancário do país.

Apesar da acusação, o ministro das Finanças, Yannis Sturnaras, mostrou sua “plena confiança” e “apoio” ao chefe do HFSF.

Já a investigação sobre os subornos recebidos em troca da compra de armas se estende cada vez mais desde que o ex-diretor de armamento do Ministério da Defesa Andonis Kandas foi detido em dezembro de 2013.

Kandas admitiu que recebeu propinas para aprovar 12 contratos milionários de empresas alemãs, russas e francesas, e que envolveu na rede de corrupção ex-ministros, políticos do Pasok e do Nova Democracia, oficiais do Exército e representantes das companhias bélicas.

No final do ano passado, Akis Tsojatzopulos, ministro da Defesa entre 1996 e 2001, foi condenado a 20 anos de prisão e agora se investiga a acusação de seu sucessor, o também social-democrata Yannos Papandoniu, titular do Ministério entre 2001 e 2003.

A principal força opositora, Syriza, tentou em dezembro que um comitê parlamentar averiguasse também o vice-primeiro-ministro, o social-democrata Evangelos Venizelos, por outro assunto relacionado a contratos militares durante sua passagem pelo ministério (2009-2011), no entanto, a maioria governista vetou a proposta.

Venizelos, que também foi ministro das Finanças entre 2011 e 2012, estava envolvido no caso da “lista Lagarde” – com os nomes de dois mil titulares de contas na Suíça suspeitos de evasão fiscal- mas a oposição não pôde provar suas acusações.

Segundo decisão de um tribunal no domingo passado, o antecessor de Venizelos em Finanças, Yorgos Papakonstandinu, será julgado por ter apagado da lista os nomes de três parentes.

O chefe da unidade de crimes financeiros do Ministério das Finanças reconheceu hoje perante uma comissão parlamentar que as investigações sobre a “lista Lagarde” avançam “devagar” devido a dificuldades.

Outro caso que chamou atenção na Grécia foi o do ex-ministro de Transporte Mijalis Liapis, sobrinho do ex-presidente da República Konstantinos Karamanlis e primo do ex-primeiro-ministro Kostas Karamanlis, ambos conservadores.

Liapis foi detido em dezembro conduzindo uma 4×4 de luxo sem carteira de motorista, sem matrícula e sem seguro, motivo pelo qual foi condenado a quatro anos de prisão, além de pagar uma multa de 3 mil euros (R$ 9.665,00) – no entanto, a pena está suspensa.

Ele também está sendo investigado pelo possível uso indevido de fundos europeus para reformar um edifício da família.

A fim de evitar acusações de inação, o Ministério das Finanças anunciou hoje que começou a arrecadar em uma conta especial do Banco da Grécia o dinheiro recuperado dos subornos e da corrupção, quantia que já chega 17,4 milhões de euros (R$ 56 milhões) que serão destinados à atenuar dos cortes em Educação e Saúde. EFE

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