Escassez de água compromete cada vez mais a vida rural na África
Roma, 9 jun (EFE).- A escassez de água e os efeitos da mudança climática comprometem cada vez mais a vida das pessoas no campo em diferentes países da África, cujos governos buscam uma maior cooperação internacional, advertiram nesta terça-feira vários representantes em Roma.
Em distintas zonas do Chade, os limitados recursos hídricos fazem com que as terras cultiváveis sejam poucas e que os homens tenham que abandonar suas famílias para buscar emprego em outras partes, apontou o inspetor geral do Ministério da Agricultura desse país, Omar Patcha.
À frente do núcleo familiar ficam as mulheres, que se reagrupam para seguir adiante, indicou Patcha, que destacou o trabalho das autoridades com as organizações internacionais para aumentar a produção de alimentos e melhorar as condições de vida nos lugares afetados pela falta de água.
Esta realidade também ocorre em países vizinhos como Níger, acrescentou o subsecretário executivo do Comitê Interestatal para o Controle da Seca no Sahel, Ibrahim Idi-Issa, em uma conversa sobre a resiliência nas terras áridas da África realizada na sede da Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) em Roma.
O responsável desta organização, criada em 1973 e que engloba 13 países da zona, ressaltou que são necessárias infraestruturas sociais e econômicas para evitar, por exemplo, que os jovens nigerinos deixem o campo, como ocorre quando veem que não há produção agrícola.
Nesse sentido, Idi-Issa advogou por identificar as causas do problema, determinar as prioridades de cada país para tentar que todas as partes se movimentem na mesma direção e adaptar-se ao “choque” que são as mudanças ambientais.
O subdiretor regional do escritório da FAO para a África, Bukar Tijani, ressaltou que cada vez são vividas estações mais secas e outras mais úmidas, ao mesmo tempo que a mudança climática está modificando a adaptação de pastores, agricultores e pescadores, entre outros.
Tijani assegurou que a situação é crítica no Chifre da África e na zona do Sahel, que recebe menos de 200 milímetros de precipitações ao ano (praticamente nada) e que sofre grandes movimentos de areia.
Entre as ações que estão sendo realizadas, o vice-ministro de Agricultura do Zimbábue, Paddy Zhanda, destacou a ajuda recebida da FAO, do Banco Mundial e de países como o Reino Unido e Brasil para o funcionamento de sistemas de irrigação em seu país.
Enquanto isso, a chefe da delegação europeia perante as agências da ONU em Roma, Laurence Argimon-Pistre, ressaltou a importância, como doadora, de coordenar melhor a ajuda humanitária com a destinada ao desenvolvimento. EFE
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