Escoceses estão diante da decisão mais importante em 300 anos de Reino Unido

  • Por Agencia EFE
  • 17/09/2014 01h59
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Patricia Souza.

Londres, 16 set (EFE).- Quatro milhões de escoceses maiores de 16 anos decidirão nesta quinta-feira se a Escócia se tornará independente do Reino Unido em um referendo histórico, debate que só foi possível graças a um acordo entre Edimburgo e Londres.

Esta é a decisão mais importante que o Reino Unido adotará em três séculos, desde a adesão da Escócia pelo Ata da União (1707), e seu resultado é uma incógnita, dado o enorme número de indecisos às vésperas da consulta.

Mais de 4,3 milhões de residentes na Escócia, incluindo cidadãos europeus e membros da Commonwealth, se registraram para votar no referendo e decidir com um “sim” ou com um “não” a simples pergunta: “A Escócia deveria ser um país independente?”.

Será a primeira vez que jovens de 16 anos, faixa etária com 124.000 escoceses e a priori mais favorável à secessão, votarão no Reino Unido. Segundo as pesquisas, a maior oposição à independência está entre os maiores de 55 anos e as mulheres.

O resultado nos 32 distritos eleitorais escoceses, que será conhecido na sexta-feira, pode depender de poucos votos, pois ganhará o lado que conquistar maioria simples (50% mais um) e todos os envolvidos se comprometeram a respeitá-lo.

A realização deste histórico referendo, observado cautelosamente por muitos países da Europa, é possível graças ao acordo fechado em Edimburgo em 15 de outubro de 2012 pelo primeiro-ministro do Reino Unido, o conservador David Cameron, e o ministro principal escocês, o social-democrata Alex Salmond.

Salmond, que aos 59 anos é o dirigente que há mais tempo esteve à frente do governo escocês (desde 17 de maio de 2007), venceu as últimas eleições autônomas de 2011 com a promessa de convocar um referendo sobre a separação do Reino Unido.

Uma Escócia independente manteria a libra e Elizabeth II como chefe de Estado, teria o Reino Unido e a União Europeia como principais parceiros comerciais, eliminaria as armas nucleares e contaria com uma Constituição escrita, segundo a proposta do Partido Nacionalista Escocês (SNP) de Salmond.

Se ganhar o “sim”, o governo escocês iniciará negociações com o Executivo britânico para definir a transferência de competências, com a intenção de declarar a independência em 24 de março de 2016, aniversário da assinatura da Ata da União, e em maio convocaria as primeiras eleições da Escócia independente.

Se ganhar o “não”, a Inglaterra prometeu conceder à Escócia mais autonomia em serviços sociais e impostos, definida em uma lei pactuada entre os principais partidos que estará pronta em 2015.

Durante a longa campanha, o movimento separatista se centrou em destacar os traços simbólicos da identidade escocesa e as possibilidades que se abrem à população para que possa decidir por si mesma, apoiada na riqueza de seus recursos naturais, como o petróleo.

Já a campanha do “não” destacou os riscos de uma Escócia independente, principalmente econômicos porque afirmam que não poderão manter a libra, nem pertencer a organismos internacionais.

Em outubro de 2012 as pesquisas davam a vitória ao “não” com o apoio de mais de 50% dos escoceses, mas nas últimas semanas a margem se reduziu e uma pesquisa até previu a vitória do “sim”, o que provocou quedas na Bolsa de Londres e da libra.

A apuração da votação começará logo após o fechamento dos colégios eleitorais na quinta-feira 18, às 21h (locais, 18 em Brasília), e o resultado final será anunciado na primeira hora da sexta-feira.

A Escócia é a segunda região em tamanho do Reino Unido depois da Inglaterra, com uma população de 5,3 milhões de habitantes, 8,3% do total. EFE

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