Espanha apóia ajuda europeia a Kiev, e rejeita referendo “ilegal” na Crimeia

  • Por Agencia EFE
  • 06/03/2014 18h43

José Miguel Blanco.

Bruxelas, 6 mar (EFE).- O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, respaldou nesta quinta-feira na reunião extraordinária do Conselho Europeu a ajuda política e econômica da União Europeia à Ucrânia, e a rejeição dos 28 ao referendo “ilegal” que a Crimeia pretende realizar para aderir à Rússia.

A reunião em Bruxelas durou várias horas a mais do que o previsto devido à análise que os chefes de Estado e do governo da UE realizaram dos últimos eventos da crise na Ucrânia, entre eles a decisão do Parlamento da Crimeia de se incorporar à Rússia e realizar uma consulta cidadã sobre este assunto em 16 de março.

Em declarações aos jornalistas ao fim da reunião, Rajoy contou as decisões adotadas pela UE, e destacou que os líderes comunitários consideraram que esse referendo é “ilegal”.

Uma posição comum que chega no mesmo momento em que na Espanha, a Catalunha tem intenção de convocar um referendo de autodeterminação que Rajoy garantiu que não será realizado porque, da mesma forma, considera ilegal.

A Espanha rejeita de forma taxativa o referendo da Crimeia porque isso representaria não respeitar a integridade territorial da Ucrânia, um princípio que o governo espanhol considera essencial salvaguardar nesta crise.

Foi isso que Rajoy conversou com o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, na reunião tiveram na terça-feira passada em Madri, quando o chefe da diplomacia da Rússia visitou a capital da Espanha. Além de respeitar a integridade, o presidente do governo apostou no diálogo para solucionar a crise, uma via que também defendeu hoje a União Europeia.

Conforme explicou Rajoy, a Cúpula apoiou a soberania nacional da Ucrânia, explicitou esse respaldo a sua integridade territorial, e exigiu o abandono da Ucrânia por parte das forças armadas russas. Ao mesmo tempo, os 28 começaram a adotar algumas sanções contra a Rússia pela atitude que está tendo perante a situação ucraniana.

Rajoy explicou que a UE decidiu suspender as reuniões prévias à próxima reunião que o G8 vai a realizar na Rússia, assim como as negociações para a liberalização de vistos e as do novo acordo marco de relações entre este país e Bruxelas.

“Estas seriam as primeiras decisões. Mas, se os eventos vão se desenvolvendo em uma direção equivocada e seguem adotando por parte da Rússia decisões unilaterais, haveria novas sanções por parte da União Europeia”, explicou o presidente do governo espanhol.

A Espanha, conforme afirmaram à Agência Efe fontes do governo, segue confiando em que haja um rebaixamento na escalada da tensão na Ucrânia e não sejam necessárias novas sanções.

Ontem, o ministro de Relações Exteriores espanhol, José Manuel García Margallo, em entrevista coletiva que ofereceu junto a Lavrov em Madri, considerou que é a hora “da diplomacia, do diálogo e das conversas” para solucionar a crise da Ucrânia e “superar o déficit de confiança estratégica entre a UE e Rússia”.

Em declarações posteriores em Paris e perante a possibilidade de sanções da UE à Rússia, assinalou: “A hora da firmeza virá se o diálogo fracassar, mas vamos tentar a via do diálogo, que é tão valente e tão firme quanto a ameaça de sanções”.

Rajoy ressaltou que os chefes de Estado e de governo decidiram apoiar ao novo governo da Ucrânia, com cujo primeiro-ministro, Arseni Yatseniuk, lembrou que os líderes comunitários se reuniram hoje na capital belga.

“Vamos ajudar tanto econômica quanto politicamente”, explicou o presidente do governo espanhol e afirmou que todas as decisões estipuladas hoje pela UE perante a crise da Ucrânia saíram por unanimidade. Entre elas, conceder a ajuda de 11 bilhões de euros proposta ontem pela Comissão Europeia.

Após participar da cúpula extraordinária da UE, Rajoy foi para Dublin para participar do Congresso do Partido Popular Europeu (PPE) que elegerá seu candidato para presidir a Comissão Europeia. Previamente, manterá uma reunião na capital da Irlanda com o primeiro-ministro do país, Enda Kenny. EFE

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