Espanha se aproxima de eleições locais sem nenhum partido como favorito

  • Por Agencia EFE
  • 17/05/2015 15h01

Antonia Méndez Ardila.

Madri, 17 mai (EFE).- A uma semana das eleições locais na Espanha, os principais líderes políticos nacionais mergulham na campanha perante a perspectiva de que nenhum partido alcance uma maioria clara, nem nas autonomias nem nas principais cidades.

Todas as pesquisas divulgadas neste domingo indicam um desejo de mudança por parte da sociedade espanhola, que se reflete na ascensão de dois partidos novos na cena política nacional: Ciudadanos (de centro e liberal) e Podemos (esquerda), frente às duas legendas tradicionais: o Partido Popular (PP, conservadores) e os socialistas do PSOE.

Este cenário fragmentado, que pressagia a necessidade de pactos para poder governar, estimula a participação ativa dos líderes nacionais na campanha, conscientes de que o pleito de 24 de maio será interpretado como antessala das eleições gerais previstas para o mês de novembro.

Os principais partidos se apresentam a este pleito sob a bandeira da mudança, inclusive o governamental PP, que pede que não se interrompa a verdadeira mudança que começou com sua chegada ao governo nacional em 2011.

O PP, segundo as enquetes, sofreria uma queda considerável, após sofrer o desgaste político por sua gestão da crise econômica e pelos casos de corrupção que afetaram a legenda.

Perderia inclusive a maioria em Madri, um emblema para os populares, que governam a capital da Espanha há 24 anos e que agora estão diante de um possível empate técnico com a candidata de um grupo que apoia o Podemos.

Barcelona, a segunda maior cidade da Espanha, também apresenta um cenário aberto nestes pleitos municipais, onde poderia ganhar um líder de um movimento também apoiado pelo Podemos.

Em outras cidades importantes como Valência, Zaragoza e Sevilha, governadas até agora pelo PP, o partido poderia perder a maioria e necessitaria do apoio de um segundo grupo.

O desgaste sofrido pelo PP não se reflete, no entanto, em uma ascensão do PSOE, seu tradicional oponente, mas sim na de dois partidos novos no cenário político nacional, Ciudadanos e Podemos.

Perante este panorama, tanto o presidente do governo espanhol e do PP, Mariano Rajoy, como o líder do PSOE, Pedro Sánchez, mergulharam na campanha eleitoral de seus respectivos partidos, com vários atos neste último fim de semana de campanha.

Até mesmo o ex-presidente do governo, José María Aznar (1996-2004), histórico líder do PP, uniu-se hoje à campanha eleitoral, com um discurso no qual alertou para os governos frágeis, perante a perspectiva de fragmentação política que se avizinha.

Os líderes do Podemos, Pablo Iglesias, e do Ciudadanos, Abert Rivera, também estão fazendo uma campanha ativa, conscientes da renovação que seus partidos representam para o arco político espanhol e que faz com que os eleitores os identifiquem com suas pessoas.

Rajoy insiste em apresentar o PP como o único partido capaz de consolidar a incipiente melhora da economia e defende as maiorias do PP como o “pacto de verdade” e o “pacto da sensatez” que se faz com os cidadãos, frente aos acordos entre vários partidos políticos.

Sánchez, por sua parte, pede o voto útil para tirar do poder o partido que acusa de praticar políticas antissociais e identifica com a corrupção. Afirma que votar no PSOE é votar na “defesa do Estado do bem-estar”.

Por sua parte, Rivera se mostra disposto a pactuar com todo aquele que aceite suas condições que passam, sobretudo, por um pacto anticorrupção, com o que seu partido se transformaria na “chave” que permitiria o PP ou o PSOE governar, segundo os resultados de cada lugar.

Por fim, Pablo Iglesias aparece como o líder mais “combativo”, com duros ataques aos partidos tradicionais, consciente que estas eleições são a antessala das gerais, e um ano após sua estreia política nas eleições europeias de maio de 2014. EFE

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