Especialistas defendem estímulo ao exercício como estratégia pública de saúde

  • Por Agencia EFE
  • 10/04/2014 17h25

Rio de Janeiro, 10 abr (EFE).- Especialistas de diferentes áreas científicas e de países que estudam a atividade física e seu efeito sobre a saúde afirmaram nesta quinta-feira que o estímulo à prática do exercício deveria ser implementada nas estratégias públicas de saúde dos governos.

Esta foi uma das conclusões do 5º Congresso Internacional de Atividade Física e Saúde Pública, que está sendo realizado até amanhã no Rio de Janeiro.

Em uma sessão intitulada “Exercício é Medicina”, o pesquisador americano Michael Pratt disse que a atividade física e a prevenção deveriam ser integradas aos sistemas básicos de saúde.

Pratt deu como exemplos programas que estão sendo realizados em países como Nova Zelândia, Reino Unido e Brasil, onde as políticas públicas de saúde integraram a prática de exercício com bons resultados.

No entanto, o especialista assegurou que “provavelmente é necessário uma atualização na prevenção clínica” através do exercício e comentou que “a promoção da atividade física no atendimento básico da saúde” é parte de quase qualquer recomendação.

Já John Duperly, professor de Medicina Interna e Esportiva da Universidade dos Andes, na Colômbia, apresentou o programa que deu nome à sessão e que está sendo desenvolvido na América Latina.

Duperly comentou que, após três anos de trabalho, observou que existe “uma grande necessidade na comunidade médica” de treinar os profissionais de saúde nesta área.

O projeto, que pretende aproximar os profissionais do exercício como elemento de prevenção para que depois estes o prescrevam, demonstrou que “os médicos envolvidos na prática de atividade física” a recomendam mais do que os sedentários.

O médico colombiano afirmou que as principais atividades de “Exercício é Medicina” são a educação, tanto no campo da saúde pública, como no setor privado e nos meios de comunicação.

Durante o tempo em que o programa esteve em andamento foram treinados 1.687 médicos de 17 países da América Latina.

Após a formação que receberam, os profissionais de saúde fizeram, segundo comentou Duperly, “uma avaliação muito positiva no final do curso”.

O pesquisador e professor da Universidade de Pelotas Pedro Curi Hallal assegurou que em um país como o Brasil incorporar a atividade física no atendimento primário deveria ser uma prioridade.

Neste sentido, afirmou que, por exemplo, a incidência da Aids no país é de 1%, do diabetes de 17%, da obesidade de 18% e, além disso, 30% da população fuma.

“No entanto, a inatividade física afeta 50% da população do Brasil”, destacou.

Por isso, concluiu que cada profissional da saúde tem a obrigação de falar da importância da atividade física para seus pacientes.

A Europa é uma referência na integração do exercício como parte da política de saúde pública, segundo afirmou o pesquisador e professor da Universidade de Zurique Brian Martin.

Segundo o especialista, dos 53 países da Europa 22 não têm uma política de aconselhar a atividade física, enquanto 21 “implementaram total ou parcialmente este tipo de política”.

A integração do exercício na medicina preventiva se iniciou nos anos 90 no Reino Unido, Noruega, Suécia, Finlândia e Dinamarca, e posteriormente se expandiu para outros países como Espanha, França e Holanda.

Antes do fim da sessão, a pesquisadora Sandra Mahecha Matsudo, responsável pela implementação de programas de promoção da atividade física no estado de São Paulo, ressaltou a necessidade de aumentar a sensibilização sobre a questão.

“A inatividade física é o novo cigarro”, afirmou. EFE

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