Especialistas dizem que foram capturados 1 bilhão de tubarões em 10 anos

  • Por Agencia EFE
  • 05/11/2014 13h58

Quito, 5 nov (EFE).- Cerca de 1 bilhão de tubarões foram capturados na última década em nível mundial -, destes, cem milhões por ano-, afirmaram nesta quarta-feira em Quito especialistas que participam da XI Convenção Mundial pela Proteção de Espécies Migratórias Silvestres (CMS).

Luke Warwick, da organização Pew Charitable Trustes (PEW), indicou que a principal ameaça dos tubarões é a pesca, especialmente na busca de suas barbatanas, enquanto outros ficam presos em redes, no que se chama pesca acidental.

Segundo Warwick, as cerca de cem milhões de capturas por ano, na última década ocorreram na Indonésia, Espanha e Japão, enquanto na América destacam-se o México, Argentina e Brasil, onde há muita biodiversidade, embora a pesca ocorra em diversas zonas do planeta.

Para o chileno Maximiliano Bello, também da PEW, o número de cem milhões de tubarões por ano é “super conservador” já que muitas pescas não foram reguladas e nem datadas, incluindo a pesca acidental.

“Alguns cientistas se aventuraram a dizer que cem milhões é o dobro do que os tubarões conseguem reproduzir”, disse Bello.

Bello disse que os tubarões são uma das espécies mais antigas da Terra e têm uma alta capacidade de adaptação, por isso que a sobrepesca é definitivamente sua maior ameaça.

“Normalmente escutamos que o tubarão é o predador, mas na realidade nós somos os predadores dos tubarões”, disse Bello durante a reunião da CMS, na qual Philippe Cousteau, neto do explorador e investigador francês Jacques Cousteau, disse que mais pessoas morrem por ano pela queda de cocos em suas cabeças do que por mordidas de tubarões.

Warwich lembrou que os tubarões são espécies biologicamente “vulneráveis, pois têm poucos filhotes, uma maturidade tardia e portanto sua recuperação do fenômeno da sobrepesca é muito lenta”.

Bello disse que alguns dos tubarões necessitam de até 18 anos para chegar à vida madura, ter os primeiros filhotes. Alguns, inclusive, chegam a ter apenas um filhote.

Entre os países onde esses animais são menos capturados e inclusive foram geradaos santuários de tubarões estão Palau, as Bahamas, Honduras e Nova Caledônia, entre outros.

Sem contar com o valor de sua presença no ecossistema para manter o equilíbrio, para Warwick os tubarões geram uma importante quantidade de dinheiro se forem mantidos vivos também para atividades de mergulho, como nas Bahamas e nas ilhas equatorianas de Galápagos.

O especialista indicou à Agência Efe que há cerca de 500 espécies de tubarões, mas só cinco estão protegidas, entre elas o tubarão baleia, o peregrino e o branco, e precisamente a reunião que se desenvolve em Quito nesta semana procura incluir outras na CMS.

O britânico Warwick comentou que há alguns anos havia pouco interesse pela proteção dos tubarões, tendência que agora se reverteu ao ponto de haver países que buscam uma mobilização global na busca de seu cuidado.

Baseado em dados da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), o britânico disse que “30% dos tubarões se encontram em um estado de vulnerabilidade atualmente, uma porcentagem gigantesca para um só grupo de animais”.

Bello, no entanto, indicou à Efe que a carne do tubarão tem um baixo custo e costuma ser vendida com outro nome de pescado, mas as barbatanas dos tubarões têm preços elevados e um quilo no mercado asiático pode gerar US$ 1 milhão.

O desaparecimento dos tubarões pode ter efeitos “extremamente negativos” na vida marinha, coincidiram os especialistas, pois afeta o equilíbrio do ecossistema já que se trata de depredadores marítimos. EFE

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