Especialistas explicam impacto da separação da Crimeia com apoio da Rússia

  • Por Jovem Pan
  • 18/03/2014 08h30
EFE/EPA/YURI KOCHETKOV População crimeia comemora referendo de anexação à Rússia

Apesar da pressão dos Estados Unidos e da União Europeia, o referendo separatista da Crimeia conseguirá anexar a região à Rússia, segundo especialistas. Em um pleito considerado “ilegítimo” pelas potências ocidentais, 96,8% dos eleitores decidiram pela incorporação do território à Rússia.

Após a divulgação do resultado, autoridades da Crimeia tomaram medidas separatistas, como a mudança da moeda corrente e do fuso horário local. Porém, de acordo com o professor de História Contemporânea da USP, Ângelo Segrillo, isso não significa o começo de uma guerra no leste europeu.

“As sanções que os Estados Unidos e a União Europeia vão utilizar vão ser sanções quase que nominais. Eu não acredito que a Ucrânia vá tentar defender o território da Crimeia à força porque ela provavelmente perderia a guerra com a Rússia. Então me parece que a Crimeia, provavelmente, se não houver nenhuma mudança, nenhuma negociação, ela vai acabar passando novamente à Rússia”, disse o professor.

Segrillo explicou que a legitimidade do referendo foi prejudicada pelo boicote de algumas etnias da Crimeia. A anexação da península é vista também por alguns analistas como a abertura de um precedente para uma crise territorial entre as ex-repúblicas soviéticas.

Para o chefe do departamento de relações internacionais da PUC, Reginaldo Nasser, outras províncias da Ucrânia podem seguir o exemplo da Crimeia. Falando a Victor La Regina, o especialista acredita que a incorporação de mais territórios à Rússia pode elevar as tensões entre Washington e Moscou.

“Algumas cidades da Ucrânia, do leste, principalmente, também têm se manifestado favoravelmente à Rússia. Então, se isso ocorrer, até onde vão os Estados está disposto disposto a ir nessa contenda em torno da Crimeia”, explicou Nasser.

Ainda de acordo com Nasser, a perda da Crimeia pela Ucrânia aproxima o governo interino do país e a União Europeia. Do outro lado da extinta “Cortina de Ferro”, o presidente russo Vladimir Putin decretou oficialmente a península como um estado soberano.

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