Especialistas garantem que assassino de “Sniper Americano” simula sua doença
Austin (EUA), 20 fev (EFE).- Um dia depois que um psiquiatra defendeu que o assassino de Chris Kyle, o franco-atirador do filme “Sniper Americano”, sofre de esquizofrenia, especialistas convocados para testemunhar pela acusação rebateram essa tese e garantiram que o ex-fuzileiro naval Eddie Routh está simulando a doença para evitar sua prisão.
Routh é acusado de assassinar Kyle e seu amigo Chad Littlefield no dia 2 de fevereiro de 2013 em um campo de treinamento de tiro no norte do estado do Texas, nos Estados Unidos, quando estes tentavam ajudá-lo com os problemas que sofria depois de ter servido no Iraque e no Haiti.
Os advogados do ex-militar apresentaram na quinta-feira uma testemunha, o psiquiatra Mitchell Dunn, que disse que o acusado sofre de esquizofrenia e que no dia dos assassinatos não sabia o que estava fazendo.
Hoje, durante o oitavo dia do julgamento realizado em Stephenville (Texas), a acusação chamou para testemunhar outros dois especialistas em saúde mental que rechaçaram diante do júri, formado por dez mulheres e dois homens, as teses expostas por Dunn na quinta-feira.
“Não acredito que o senhor Routh sofria de esquizofrenia no momento dos crimes”, manifestou o psicólogo legista Randy Price, ao afirmar que, em todo caso, o ex-militar “experimentou sintomas psicóticos” causados pelo consumo excessivo de maconha.
Que Routh fazia abuso de álcool e maconha ficou comprovado ao longo do julgamento com as declarações das testemunhas mais próximas do ex-fuzileiro, como sua mãe, Jodi Routh, e sua ex-namorada Jennifer Weed.
“Se você comete um crime e se declara inocente alegando uma demência causada por narcóticos, isso não conta”, disse Price ao afirmar que, em sua opinião, Routh “agiu com conhecimento do mal que estava fazendo”.
Price testemunhou após estudar o caso e manter dois longos encontros com o ex-militar nos dias 15 de dezembro de 2014 e no dia 16 de janeiro deste ano.
Depois de Price, foi a vez do psiquiatra forense Michael Arambula, que também se reuniu com Routh e que preside a Junta Médica do Texas, uma agência estadual.
Arambula constatou que, desde a sua detenção, Routh insistiu que era um veterano de guerra com estresse pós-traumático e paranoia com o objetivo de ser transferido para uma clínica mental e evitar a prisão, sempre com pleno conhecimento de seus atos.
“Estava mostrando suas cartas ou, em outras palavras, queria se esquivar do que havia feito”, disse Arambula.
A saúde mental do acusado é o principal foco da disputa entre defesa e acusação e determinará a decisão final do júri sobre a culpabilidade ou não do ex-fuzileiro naval.
O julgamento em Stephenville coincidiu com o sucesso do filme “Sniper Americano”, inspirada nas memórias escritas por Kyle e dirigida por Clint Eastwood, que vem colecionando recordes de arrecadação e foi indicada para seis categorias do Oscar.
Kyle serviu no Iraque na “Navy SEAL”, a unidade de elite do Exército americano, e é considerado o franco-atirador mais letal da história do país, com 160 mortes confirmadas. EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.