Especialistas russos advertem sobre perigo de recessão na Rússia por sanções
Moscou, 30 jul (EFE).- Especialistas russos advertiram nesta quarta-feira sobre o perigo real da Rússia entrar em recessão econômica já neste ano como consequência das sanções adotadas pelos Estados Unidos e a União Europeia contra Moscou por seu apoio aos separatistas pró-russos no leste da Ucrânia.
Em uma previsão inclusive mais pessimista que o oferecido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Yevsey Gurvich, chefe do centro analítico russo Grupo Econômico de Analistas, próximo ao Kremlin, disse que “estas sanções são suficientes para que a economia da Rússia entre em recessão neste ano ou no próximo”.
O maior perigo para a economia, no entanto, é a perspectiva de novas ondas de sanções contra Moscou, adverte a maioria dos especialistas russos.
O economista-chefe do grupo empresarial “Sistema”, Yevgueni Nadorshin, reconheceu que todo o crédito russo sofrerá grandes dificuldades perante o fechamento dos mercados financeiros dos EUA e a UE aos bancos públicos da Rússia.
“O efeito para a economia russa pode ser muito rápido, porque os bancos são a locomotiva do crédito para a economia e para eles será muito difícil atrair financiamento”, ressaltou Nadorshin, cujo grupo empresarial aglutina companhias nos mais diversos setores, entre eles o bancário.
Tanto Washington como Bruxelas limitaram aos bancos estatais russos o acesso aos instrumentos de financiamento a meio e longo prazo, ou seja, todos aqueles cujo prazo de vencimento supera os 90 dias.
Outros especialistas veem alguns aspectos positivos nas sanções apesar de reconhecer que a economia russa sofrerá graves consequências.
As sanções permitirão que “a maioria dos cidadãos tomem consciência que o modelo de desenvolvimento econômico dos últimos 20 anos não se justificou”, disse à Agência Efe Sergei Valentei, doutor em ciências econômicas da Universidade Russa Plejanov.
“O principal recurso para o desenvolvimento da economia nacional deve ser a indústria e os recursos humanos próprios”, ressaltou Valentei.
O chefe advertiu também que as sanções limitarão a importação à Rússia de tecnologias avançadas fundamentais para as empresas que querem competir em um mundo globalizado.
“A limitação à importação de tecnologias contemporâneas pode ser chave para que as empresas russas se reorientem ao mercado interno. Isto aumentará os investimentos no desenvolvimento da indústria russa e favorecerá o deslocamento dos produtos importados desde os países europeus”, assinalou Valentei.
Os Estados Unidos e a União Europeia acordaram na terça-feira sanções econômicas à Rússia por não fazer o suficiente para diminuir a tensão na crise ucraniana e pelo derrubamento com um míssil de um avião de Malaysia Airlines por parte de rebeldes pró-Rússia no leste da Ucrânia.
As sanções se dirigem contra os bancos públicos russos, o setor da defesa e também o petroleiro. EFE
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