Espião retorna a Cuba depois de passar 15 anos preso nos EUA

  • Por Agencia EFE
  • 01/03/2014 02h43

Havana, 28 fev (EFE).- O espião Fernando González, um dos cinco agentes cubanos condenados nos EUA em 2001 e libertado ontem após cumprir sua pena, se tornou nesta sexta-feira o segundo do grupo a retornar a Cuba, onde foi recebido por parentes e pelo presidente Raúl Castro.

González desembarcou por volta do meio-dia (horário local) desta sexta-feira no aeroporto “José Martí” de Havana vindo dos Estados Unidos, após ter sido libertado ontem, quinta-feira, e posteriormente deportado pelas autoridades migratórias americanas.

A imprensa cubana interrompeu hoje sua programação para informar sobre a chegada de González ao país. O espião foi condenado a 17 anos de prisão por não ter se registrado como um agente estrangeiro e por usar documentos falsos, mas foi libertado por bom comportamento depois de passar 15 anos, 5 meses e 15 dias na prisão.

Em suas primeiras declarações em Cuba, o agente de 50 anos explicou que ao sair da prisão na cidade de Safford (Arizona) foi detido para sua deportação e viajou “algemado” para Havana até que o avião aterrissou.

González, que falou no aeroporto para veículos da imprensa cubana, agradeceu ao povo de Cuba por sua solidariedade com o caso dos “Cinco”, manifestou seu compromisso para seguir lutando, a partir de agora, pela libertação de seus companheiros, e considerou uma “honra” as boas-vindas oficiais de Raúl Castro.

Mostrando bom aspecto físico e acompanhado por sua esposa, mãe e outros familiares, González se reuniu com Raúl Castro no aeroporto e ao vê-lo, lhe prestou continência e lhe deu um abraço.

“O que fizeram foi uma verdadeira proeza, um verdadeiro esforço, nos sentimos encorajados com a firmeza dos senhores”, disse Castro a González durante a conversa, de acordo com alguns trechos transmitidos em um noticiário da televisão.

O líder cubano destacou a “firmeza durante tantos anos” dos agentes e considerou que com sua atitude “demonstraram o que é a juventude” formada pela revolução cubana.

Fernando González também trocou saudações e abraços com outros dirigentes, entre eles o primeiro vice-presidente, Miguel Díaz Canel, o vice-presidente e segundo secretário do Partido Comunista, José Ramón Machado Ventura, e o ministro do interior, general Abelardo Colomé Ibarra.

Ao encontro também compareceu René González, o primeiro do grupo dos “Cinco” a ser libertado em outubro de 2011 e a retornar definitivamente para Cuba em maio de 2013, após renunciar sua cidadania americana.

Fernando González e René González foram detidos em 1998 nos Estados Unidos junto com Gerardo Hernández, Ramón Labañino e Antonio Guerrero, quando o FBI (polícia federal americana) desmantelou a rede de espionagem cubana “Avispa Roja” (vespa vermelha), que operava no sul da Flórida.

Todos admitiram que eram agentes do governo cubano, mas disseram que seus alvos eram “grupos terroristas de exilados” que conspiravam contra o então presidente Fidel Castro, e não o governo americano.

O grupo foi julgado e condenado a longas penas de prisão em 2001.

Cuba denunciou reiteradamente que houve irregularidades nesse processo e que os “Cinco” – considerados heróis na ilha – receberam penas desproporcionais, por isso o caso se transformou em outro ponto de controvérsia ao longo da tensa disputa entre Havana e Washington.

“É uma felicidade difícil de descrever estar aqui em Cuba, estar aqui com a família, é uma felicidade que é imensa e, ao mesmo tempo, incompleta”, disse hoje Fernando à imprensa, ao se referir à situação dos outros três agentes que ainda cumprem longas penas nos EUA.

Para Fernando, sua “verdadeira felicidade total” será quando o grupo dos “Cinco” esteja finalmente reunido e insistiu que fará tudo o que estiver ao seu alcance “para que essa realidade chegue o mais rápido possível”.

Está previsto que Ramón Labañino seja libertado em 30 de outubro de 2024, enquanto Antonio Guerrero deve sair da prisão em 18 de setembro de 2017.

No entanto, Gerardo Hernández foi condenado a duas penas de prisão perpétua, já que em 2001 também foi julgado e condenado por colaborar na queda de dois pequenos aviões do movimento anticastrista “Hermanos al Rescate” (irmãos ao resgate) quando morreram quatro pilotos.

Precisamente, Hernández enviou a Fernando uma mensagem por ocasião de sua libertação divulgada hoje pela imprensa cubana, na qual lembrou que a missão dele em Miami “era de substituo” e era esperado que retornasse a Cuba no momento em que foram detidos.

Hernández elogiou e comemorou a atitude de González, que recusou a estratégia de defesa de seu advogado de separá-lo do restante do grupo “pela menor gravidade das acusações sobre ele”.

Em comemoração à libertação de Fernando González, foram anunciados vários eventos em sua homenagem em Cuba, entre eles um grande concerto convocado por organizações estudantis no sábado na Universidade de Havana. EFE

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