Esposa de Ledezma fará tour para denunciar situação de seu marido
Caracas, 24 fev (EFE).- Mitzy Capriles, esposa do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, preso acusado de participação em um plano golpista contra o governo da Venezuela, disse nesta terça-feira que fará uma tour internacional para denunciar a situação de seu marido.
“Penso em ir onde for necessário. É preciso haver uma agenda internacional, não pode ser de outra maneira. Temos que estar fisicamente onde for necessário”, comentou Mitzy em entrevista à Agência Efe.
Ledezma foi detido na quinta-feira por funcionários do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) na sede de seu partido, no bairro de Rosal, e na sexta-feira foi formalmente acusado de conspiração e formação de quadrilha, depois de ser vinculado a um suposto plano golpista junto de outros opositores.
“Com toda segurança continuaremos trabalhando dentro da Venezuela e fora para continuar gritando ao mundo o que estão fazendo com Antonio”, comentou.
Um tribunal determinou como centro de reclusão de Ledezma a prisão militar de Ramo Verde, nos arredores de Caracas, o mesmo lugar onde estão detidos o líder opositor do partido Vontade Popular Leopoldo López e o ex-prefeito de San Cristóbal, Daniel Ceballos.
Mitzy assinalou que Ledezma “vinha sendo perseguido há exatamente três semanas e meia” durante o dia todo, e decidiu “enfrentar aqui (na Venezuela) qualquer absurda acusação com o qual o quisessem acusar”.
Seu advogado, Omar Estacio, garantiu que o prefeito foi detido por uma confissão de um militar preso, “que o incriminou sob tortura” dentro de um plano golpista contra o presidente Nicolás Maduro.
Segundo sua esposa, Ledezma não conhece nem teve esta “suposta relação” com esse militar, e isso é a “parte principal do processo” aberto contra ele.
“Sabemos que Leopoldo (López) acaba de completar um ano preso. Tem um ano que não puderam demonstrar absolutamente nada do que o acusam. Esperemos que respeitem a defesa de Ledezma”, apontou.
Salvo EUA, Chile e Colômbia, os governos na América Latina se mantiveram em silêncio sobre a detenção do prefeito de Caracas, embora Brasil, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) tenham mostrado preocupação.
No entanto, a União Europeia (UE) e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) manifestaram hoje “alarme” e “profunda preocupação” com a situação na Venezuela, da mesma forma que líderes políticos como o ex-presidente costa-riquenho Oscar Arias e o ex-presidente do governo espanhol José María Aznar.
“Se o senhor disser um país, esse país com toda segurança, em que deputados ou senadores ou forças vivas desse país se manifestaram contra, esta é uma notícia que está soando no mundo todo como algo insólito”, afirmou a esposa de Ledezma.
Para Mitzy, seu marido é “outro preso político do governo venezuelano que sentiu a dor de um opositor ganhar na cidade de Caracas, na capital”.
“Em termos gerais (a perseguição) não é só por Antonio Ledezma, é por qualquer líder opositor que diga que isto não está funcionando, como Leopoldo López, Maria Corina Machado ou Julio Borges, que está a ponto que tirarem sua imunidade parlamentar”, expressou.
A ex-deputada Machado, López e Ledezma propuseram em 11 de fevereiro através de um comunicado um “Acordo Nacional para a Transição” na Venezuela para “sair da crise em todos os âmbitos”, que apresentou um cronograma de “ações concretas que busca começar a reconstrução do país”.
Este comunicado foi condenado por Maduro, que acusou a publicação do documento de ser o sinal que os militares golpistas esperavam para iniciar um ataque aéreo contra alvos oficiais, incluindo o local em que ele se encontrasse.
A esposa do prefeito opositor negou que esse documento seja “um sinal de tal plano golpista” e afirmou que, pelo contrário, é “perfeitamente constitucional”.
“Em que parte da Constituição diz que isto que aparece no manifesto é ilegal? Em nenhuma”, assinalou.
“Antonio Ledezma tem que sair livre porque o governo sabe que do que o acusam é mentira, isso não existe, Antonio Ledezma é o prefeito metropolitano da cidade de Caracas”, ressaltou.
Maduro reiterou no domingo que “acabou o jogo” dos opositores que participam do sistema democrático e ao mesmo tempo desenham planos golpistas, e que o peso da justiça cairá sobre eles mesmo que “os gringos chiem”. EFE
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