Esquerda latino-americana contente por avanços apesar de obstáculos dos EUA
La Paz, 29 ago (EFE).- O Foro de São Paulo, que integra a esquerda latino-americana, ressaltou nesta sexta-feira a consolidação da ideologia nos governos da região, mas alertou para as renovadas tentativas “desestabilizadoras” vindas da direita, respaldada pelos Estados Unidos e seu “novo desenho da geopolítica mundial”.
Representantes de uma centena de movimentos e partidos de esquerda da América Latina concluíram nesta sexta em La Paz a 20ª reunião do fórum, que durante dois dias analisou a situação regional e os principais conflitos globais, com especial foco nas crises do Oriente Médio e da Ucrânia.
Nos debates e também na declaração final, o fórum brindou um direto apoio à presidente Dilma Rousseff, ao boliviano Evo Morales, e ao ex-governante uruguaio Tabaré Vázquez, todos candidatos à reeleição ou à eleição em seus respectivos países em outubro.
A declaração celebrou os sucessos da esquerda em recentes processos eleitorais na região, como a vitória do FMLN em El Salvador, o “avanço sem precedentes” da Frente Ampla na Costa Rica e as “posições conquistadas” em Honduras pelo Partido Livre “apesar de o regime militarista hondurenho continuar assassinando dirigentes da oposição”.
O Foro cumprimentou também a vitória de Michelle Bachelet no Chile e avaliou “a recuperação do compromisso de sua política externa com os processos de integração regional”.
O documento ressaltou também o “processo de atualização do socialismo” em Cuba e respaldou o diálogo entre o governo e os grupos guerrilheiros da Colômbia para a conquista de “uma paz justa e democrática” no país.
Da situação na América Central, o Foro de São Paulo destacou o “impacto” e consolidação do sandinismo na Nicarágua com Daniel Ortega, mas manifestou sua preocupação com a “grave violação dos direitos humanos dos migrantes que cruzam a fronteira (em direção aos EUA) pela América Central e pelo México”, especialmente as crianças.
Também acusou a direita da Venezuela de aproveitar a ausência do presidente Hugo Chávez, morto em março do ano passado, para lançar “ações golpistas”, provocar “uma guerra civil” e “ignorar a indubitável legitimidade” do líder Nicolás Maduro.
“É necessário alertar os partidos e governos da região sobre o perigo da restauração conservadora que pretendem introduzir em nossos países através de uma ampla gama de instrumentos subversivos dirigidos e coordenados pelos EUA”, advertiu o documento.
Para isso, o Foro de São Paulo chamou ao fortalecimento dos mecanismos de integração e foros políticos regionais como Unasul, Mercosul, Celac, Alba, Petrocaribe e Caricom e defendeu que quando estes órgãos constituírem parlamentos, que “sejam plurais”.
Neste contexto, pediu que a integração plena da Bolívia e do Equador no Mercosul seja acelerada, “como sinal inequívoca de solidez” do crescimento da região em nível internacional.
No entanto, o fórum condenou a Aliança do Pacífico, formada por Chile, Colômbia, México e Peru, e as negociações para um Acordo Estratégico Transpacífico de Cooperação Econômica que seria composto por México, Peru e Chile, que qualificou como uma estratégia americana para “dividir a integração” regional.
Os participantes centraram suas críticas nos Estados Unidos, a quem acusaram de tramar uma nova “geopolítica mundial” para consolidar sua hegemonia.
A declaração cita como cenário desta estratégia Iraque, Líbia, Síria e Ucrânia, país onde, junto com a União Europeia (UE), os EUA apoiaram “grupos neo-nazistas que querem isolar a Rússia”.
A crise na Faixa de Gaza também esteve muito presente no Foro através de cartazes e constantes menções à situação, após a recente ofensiva israelense que causou mais de 2.100 mortos, a maioria de civis palestinos.
O Foro de São Paulo aprovou ao longo destes dias resoluções sobre temas como o disputa entre Chile e Bolívia por uma saída deste último ao mar e as causas independentistas das autonomias espanholas da Catalunha e do País Basco.
O Foro de São Paulo realizarpa sua XXI sessão em 2015 no México sob o auspício do Partido da Revolução Democrática (PRD) e o Partido do Trabalho (PT). EFE
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