Estados Unidos aguardam desfecho do julgamento de “Sniper Americano”

  • Por Agencia EFE
  • 22/02/2015 21h52
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Albert Traver.

Austin (EUA), 22 fev (EFE).- O veterano de guerra Eddie Routh assassinou em 2013 Chris Kyle, o franco-atirador elevado a categoria de herói nos Estados Unidos graças ao sucesso do filme “Sniper Americano” e agora, dois anos depois, o país aguarda vidrado o resultado do julgamento do ex-marine, que terminará esta semana.

Routh tem duas opções no horizonte: uma cela em uma prisão de segurança máxima para o resto de seus dias – a acusação solicita prisão perpétua – ou um quarto, certamente mais acolhedor, em uma clínica mental. A diferença é substancial.

Carrie Williams, porta-voz do Departamento Estadual de Serviços de Saúde do Texas explicou ao “Dallas Morning News” que nestas clínicas os quartos não trancam, suas paredes são coloridas e a cama é de tamanho duplo.

Também há televisão em uma área comum, mas não internet.

“Uma vez dentro do perímetro de segurança, parece muito com uma comunidade universitária”, disse.

O destino do ex-marine depende agora se o júri formado por dez mulheres e dois homens acreditará ou não nos problemas psicóticos que a defesa alega que sofria quando assassinou Kyle e a seu amigo Chad Littlefield.

A saúde mental do acusado centrou a discussão entre promotores e advogados da defesa, que apresentaram testemunhos com opiniões opostas durante os oito dias do julgamento, realizado na pequena comunidade rural de Stephenville, no coração do Texas.

O assassino confesso de Kyle e Littlefield se declarou inocente das acusações ao alegar incapacidade mental.

O psiquiatra legal Michael Arambula, que testemunhou na sexta-feira chamado pela acusação, afirmou que Routh “joga a carta” de veterano de guerra com estresse pós-traumático para “fugir” suas responsabilidades, ou seja, a prisão.

Routh serviu uns meses no Iraque e depois esteve no Haiti, mas contra si joga o fato de que nunca entrou em combate.

Randy Price, psicólogo legista, outra testemunha chamada pelos promotores, acrescentou o possível efeito dos narcóticos em Routh para cometer o crime, já que o ex-marine abusava do álcool e da maconha.

“Se comete um crime e se declara inocente alegando uma demência causada por narcóticos, isso não conta”, disse o psicólogo.

Os advogados do ex-marine, por sua vez, apresentaram na quinta-feira o testemunho do psiquiatra legal Mitchell Dunn, que disse que o acusado sofria de “delírios” próprios da esquizofrenia quando cometeu os crimes.

Segundo Dunn, ons dias anteriores a 2 de fevereiro de 2013 Routh sofreu uma espiral em seus delírios que o levou a pensar que Kyle e Littlefield queriam mata-lo, por isso ele disparou primeiro: “Não digo que seja lógico; foi sua lógica”.

O julgamento de Routh coincidiu com o sucesso do filme “Sniper Americano”, baseado nas memórias do franco-atirador Kyle e dirigido por Clint Eastwood que concorre a seis Oscar, entre eles o de melhor filme e o de melhor ator para Bradley Cooper.

Kyle serviu na “Navy Seal”, a unidade de elite da marinha americana, durante a ocupação do Iraque, e é reconhecido como o franco-atirador mais letal da história do país, com 160 mortes confirmadas, embora ele assegurasse que superou as 250.

De volta ao Texas Kyle se dedicava a ajudar veteranos de guerra que sofriam de problemas mentais e com esse objetivo levou Routh ao campo de tiro onde acabou sendo assassinado.

Os advogados da defesa e os promotores ainda podem chamar suas testemunhas novamente para rebater os argumentos mútuos antes de o julgamento terminar esta semana.EFE

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