Estímulo ao crédito é positivo, mas não tem efeitos imediatos, vê consultor
O governo federal anunciou que a taxa de juros virá abaixo da taxa do mercado. O Estado quer permitir também que a pessoa utilize o fundo de garantia para renegociar o crédito consignado, especialmente aqueles que perderam o emprego.
A medida é positiva “estruturalmente” para o mercado, mas não terá efeitos imediatos, avalia João Morais, economista da Tendências Consultoria, analista dos setores de comércio varejista, crédito e automotivo.
“Esse segmento (populacional) pode aproveitar o crédito novo para renegociar a dívida (…), não para pegar um empréstimo novo”, explica. Isso porque a confiança na economia segue reduzida.
Apesar de se esperar uma “dinamização” do mercado de consignados, não se espera um efeito imediato. “Em termos práticos para 2016, não se espera muita coisa, mas em médio, longo prazo”.
Apesar das recentes medidas governamentais para estimular o crédito no Brasil, os bancos ficaram ainda mais seletivos na concessão de créditos para a compra de imóveis e carros.
Por outro lado, houve um forte aumento do spread bancário, as linhas rotativas, entende Morais.
Os juros em alguns setores evoluíram muito mais do que a taxa Selic, explica.
Inadimplência
Morais alerta também que a inadimplência real é bem maior que a oficial divulgada pelo governo. “Houve um aumento da renegociação das dívidas, bem evidente em 2015”. Além disso, aconteceu um “movimento forte de venda de créditos podres para empresas de ativos”.
Essa é a “inadimplência que não entra na conta do banco”. As empresas que recebem esses créditos têm mais ímpeto que o banco em buscar o crédito, isso porque “a receita dessas terceirizada depende exclusivamente da recuperação disso”, diferente do grande banco, que tem outras fontes.
O porcentual de inadimplência certamente é maior, conclui Morais.
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