Estreita vitória do PPE exige negociação que socialistas, por enquanto, negam

  • Por Agencia EFE
  • 26/05/2014 13h15

Elena Moreno.

Bruxelas, 26 mai (EFE).- A estreita vitória do PPE nas eleições europeias obriga a partir desta segunda-feira esse grupo a negociar com os demais da Eurocâmara, especialmente com os socialistas, na busca de uma coalizão, enquanto amanhã serão os Chefes de Estado e do governo da União Europeia (UE) a analisar os resultados.

O PPE e seu candidato, Jean-Claude Juncker, reivindicaram a vitória eleitoral ao conseguir 214 eurodeputados de uma Eurocâmara de 751, mas seu seguidor imediato, os socialistas (S&D) e Martin Schulz, com 189 parlamentares, querem também constituir maioria e ficar com a presidência da Comissão Europeia.

“O PPE é o grande perdedor destas eleições, o PPE que governou a Europa durante os últimos cinco anos e durante uma crise extremamente profunda que afetou milhões de europeus”, afirmou hoje o presidente dos socialistas europeus, Serguei Stanishev, que lembrou que os conservadores perderam 20% dos votos.

Stanishev acrescentou que os resultados dos socialistas são “estáveis”, e lamenta a derrota: “Infelizmente não somamos o suficiente para uma mudança maior na Europa”.

Juncker, por sua vez, confiou em obter esse apoio que os socialistas por enquanto recusam e afirmou que “não vale a pena fazer muitas conjeturas. A única opção possível é a grande coalizão entre os dois grandes partidos”.

A estreita diferença entre os dois os obriga a tentar formar uma coalizão com os outros grupos políticos da Eurocâmara, entre eles os liberais do Alde e do ex-primeiro-ministro belga Guy Verhofstadt que, com suas 66 cadeiras, se apresenta como dobradiça para os dois partidos majoritários.

Por enquanto, a resposta do liberal belga é se ater “a um programa diferente ao dos cinco últimos anos… Talvez ao nosso”.

A leitura que os analistas fazem, como o diretor do programa europeu do instituto Bertelsmann Stiftung, Joachim Fritz-Vannahme, é que Juncker, “como ex-primeiro-ministro de Luxemburgo, está acostumado às coalizões, grandes ou pequenas”.

“A questão, mais do que encontrar a maioria no Parlamento Europeu, é conseguir o apoio do Conselho Europeu, onde (o primeiro-ministro do Reino Unido) David Cameron já anunciou sua firme oposição a Juncker”, disse à Agência Efe o especialista.

Com relação ao S&D, que encara o mesmo problema de não ter maioria e precisar buscá-la, Fritz-Vannahme considerou que isso “não facilita para Juncker, mas no final para os socialistas serão uma maneira de negociar para conseguir outros importantes postos”.

Os Chefes de Estado e do governo da UE se reunirão amanhã em Bruxelas em uma cúpula informal para analisar os resultados das eleições, na qual além de negociar o nome do futuro sucessor do atual presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, pecisarão fazer uma reflexão diante da alta quantidade de votos que as formações eurocéticas e antieuropeias obtiveram.

Os líderes europeus têm a possibilidade, após essas eleições, as primeiras em que os europeus votaram no possível presidente da Comissão Europeia e na única instituição à qual se vota diretamente, de propor um nome diferente do de Juncker, que não estava em nenhuma lista eleitoral.

O candidato conservador, que reconhece que ainda precisa da indicação do Conselho Europeu para dirigir a CE, ressaltou que na reunião de amanhã com os líderes não chegará “de joelhos”, mas “como vencedor” das eleições.

Juncker destacou o aval das urnas para se transformar no próximo líder da Comissão Europeia e reiterou que é para esse cargo, e não para o de presidente do Conselho Europeu, que fez campanha.

O diretor do instituto Open Europe, Mats Persson, opinou por sua vez que, embora a vitória da centro-direita indique que o sucessor de Barroso deveria sair de suas fileiras, também assinala que “os líderes da UE, com o firme apoio do Reino Unido, poderiam escolher outro candidato”.

Por enquanto, fontes diplomáticas assinalaram que os líderes não falarão amanhã de candidatos particulares, mas tentarão ficar de acordo no processo para selecionar o presidente seguinte do Executivo comunitário.

Os líderes não podem negociar até que se saiba de forma definitiva a formação do novo plenário europeu, o que provavelmente não acontecerá até meados de junho.

Entre os candidatos alternativos a Juncker poderão estar outros políticos de centro-direita, como os primeiros-ministros da Finlândia, Jyrki Katainen, da Irlanda, Enda Kenny e da Polônia, Donald Tusk. EFE

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