Estudantes bloqueiam um dos acessos ao aeroporto da capital mexicana
Cidade do México, 20 nov (EFE).- Cerca de 500 jovens com os rostos cobertos bloquearam nesta quinta-feira uma das vias de acesso ao Aeroporto Internacional da Cidade do México, no início de uma longa jornada de protestos em nível nacional em solidariedade aos 43 estudantes desaparecidos há quase dois meses.
Os manifestantes impediram o tráfego na avenida Circuito Interior em ambos os sentidos na altura da estação de metrô Oceania, sem que as operações do terminal aéreo tenham sido afetadas, como constatou a reportagem da Agência Efe.
A polícia da capital mexicana formou uma barreira para impedir a passagem dos manifestantes rumo ao terminal. Alguns deles lançaram rojões e outros objetos na direção dos agentes.
Depois de meia hora na qual centenas de policiais impediram o avanço dos jovens, estes começaram a se retirar rumo à Praça das Três Culturas, onde começará uma das três passeatas convocadas para exigir justiça no caso dos 43 desaparecidos e o fim da violência no México.
Os estudantes levam cartazes com dizeres como: “Nem viciados, nem delinquentes, somos estudantes conscientes” e “Precisamos do sangue de (Emiliano) Zapata”, em alusão ao líder da Revolução Mexicana no dia em que se completa o 104º aniversário do início desse movimento armado.
“Este é um momento de saturação, a situação já não é mais sustentável. O sangue está por todos lados, o país está infestado de corpos”, disse à Agência Efe uma universitária.
“É um terrorismo de Estado e nos metem medo para que fiquemos calados e não façamos nada, mas por isso estamos aqui”, acrescentou a aluna da Universidade Autônoma da Cidade do México (UACM).
Edifícios públicos, bancos e lojas do centro da capital mexicana amanheceram protegidos por cercas metálicas para evitar depredações durante as passeatas, para as quais estava prevista a participação de amigos e familiares dos 43 jovens desaparecidos.
Este é o quarto dia nacional de mobilizações para exigir a reaparição dos 43 jovens que foram vistos pela última vez em 26 de setembro durante uma série de ataques a tiros ordenados pelo então prefeito da cidade de Iguala, José Luis Abarca, nos quais morreram seis pessoas e outras 25 ficaram feridas.
Segundo a investigação oficial, os 43 jovens foram detidos por policiais locais e entregues ao cartel Guerreros Unidos, que os teriam assassinado e cremado para não deixar rastros porque supostamente acreditavam se tratar de membros do grupo rival Los Rojos.
Os restos mortais encontrados estão sendo analisados em um laboratório da Áustria para confirmar se correspondem aos estudantes, mas os pais e amigos dos desaparecidos disseram que não acreditarão nessa versão até que haja provas científicas avalizadas por outros especialistas internacionais. EFE
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