Estudo defende combinação de terapias-alvo e imunologia contra câncer
Washington, 9 abr (EFE).- As terapias-alvo e a imunologia podem ter um efeito maior na saúde dos pacientes de câncer se forem adotadas de forma combinada, concluiu um estudo publicado nesta quinta-feira pela revista científica “Cell”.
“Não parece exagerado dizer que aumentar o financiamento para os tratamentos combinados será chave para o desenvolvimento de tratamentos que sejam efetivos para mais pacientes e para mais tipos de câncer”, afirmou o estudo, realizado pelos pesquisadores James Allison e Padmanee Sharma, do centro MD Anderson Câncer Center, da Universidade do Texas (EUA.).
O estudo indica que a imunoterapia oferece respostas mais duradouras que as terapias-alvo, mas só é efetiva em 20% dos pacientes, por isso os pesquisadores recomendam combinar ambos os tratamentos para se conseguir melhores resultados.
As terapias-alvo contra o câncer utilizam fármacos ou outras substâncias que interferem em moléculas específicas, que participam do crescimento e sobrevivência das células.
Os medicamentos tradicionais de quimioterapia, ao contrário, atuam contra todas as células que se dividem.
Já a imunoterapia é um conjunto de estratégias destinadas a ativar os sistemas de defesa dos pacientes contra tumores.
“É preciso determinar se as terapias-alvo podem afetar a resposta do paciente à imunoterapia ou se a combinação dos dois tratamentos pode desacelerar o crescimento do tumor de maneira mais efetiva do que ser for aplicado só um dos tratamentos”, propõe o estudo.
“O importante é que são estas duas vias que realmente podem ajudar os pacientes”, disse Allison, cujo laboratório contribuiu para demonstrar o potencial da imunoterapia contra o câncer.
Segundo os pesquisadores, os fármacos que combatem as mutações específicas que causam o câncer representaram um passo importante para deixar para trás a visão do “um que serve para todos” da quimioterapia e radioterapia, que têm grandes efeitos colaterais.
“Nestes anos, aprendemos que não há dois cânceres iguais e que, inclusive, as células cancerígenas do mesmo tumor possuem mutações adicionais, que, por exemplo, poderiam causar resistência aos fármacos”, afirmaram os autores do estudo.
“Portanto, em uma terapia-alvo, uma só célula cancerígena mutante pode dissipar os efeitos do fármaco e fazer com que o câncer do paciente reapareça”, de acordo com o estudo.
Mais recentemente, os pesquisadores usaram combinações de fármacos para evitar a resistência, embora não esteja claro que isso seja suficiente.
Graças à imunoterapia foi possível prolongar a vida dos pacientes até dez anos após o tratamento, com efeitos secundários mas não tão severos como os da quimioterapia ou radioterapia.
“O que me dá esperança é que temos estes sobreviventes de longo prazo. Estive tratando pacientes com metástases durante muito tempo e é raro que vivam dez anos. Os fármacos foram efetivos, além disso, em tumores muito graves e avançados”, explicou Sharma.
“Mas apesar destes resultados, a imunoterapia só foi efetiva em um quinto dos casos de câncer, daí a necessidade de combiná-lo com outros tratamentos, como as terapias-alvo”, afirmou.
Os pesquisadores pedem, portanto, um aumento do financiamento para combinar estes dois tratamentos contra o câncer.
“Um dos maiores desafios para avançar na investigação do câncer é o financiamento”, explicou Sherry Lansing, fundadora do programa “Stand up to cancer”, que arrecadou mais de US$ 370 milhões doações para apoiar programas internacionais de pesquisa, inclusive o publicado hoje. EFE
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