Estudo revela 1º caso de reprodução sem sexo em vertebrados fora de cativeiro

  • Por Agencia EFE
  • 01/06/2015 19h46
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Washington, 1 jun (EFE).- Fêmeas de uma população de peixes-serra na Flórida (EUA) começaram a se reproduzir sem sexo, o primeiro caso de partenogênese de vertebrados em seu habitat natural de que se tem conhecimento, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira pela revista científica “Cell Press”.

A partenogênese (um tipo de reprodução assexuada) é um fenômeno comum em animais invertebrados, mas pouco frequente nos vertebrados, entre os quais, até então, só tinha ocorrido em cativeiro.

No entanto, cientistas da Universidade Stony Brook de Nova York descobriram um grupo de peixes-serra fêmeas que haviam se reproduzido por partenogênese em um estuário da Flórida.

Elas foram encontradas de forma inesperada, enquanto os cientistas realizavam uma pesquisa de rotina sobre a genética dos peixes-serra de dentes pequenos, espécie com alto risco de extinção.

As análises de DNA revelaram que cerca de 3% dos peixes estudados eram resultado dessa incomum forma de reprodução.

Os peixes-serra podem ser a primeira família de animais marítimos a ser extinta devido à pesca predatória e à perda de habitats litorâneos, conforme os pesquisadores.

Os peixes-serra de dentes pequenos, uma das cinco espécies desta família, são encontrados especialmente em áreas do sul da Flórida, como Caloosahatchee e Peace Rivers.

A partenogênese consiste na segmentação do óvulo sem fecundação, iniciada por fatores ambientais, químicos, descargas elétricas, dentre outros.

“Talvez seja muito mais frequente em animais em liberdade do que pensamos”, afirmou Kevin Feldheim, pesquisador do laboratório Pritzker, do Field Museum de Chicago, onde as amostras de DNA foram analisadas.

Segundo as conclusões do estudo, é possível que essa forma de reprodução ocorra principalmente em povoações pequenas e com risco de extinção. Porém, apesar de a partenogênese ter a capacidade de prolongar a existência dos peixes-serra, os pesquisadores não acreditam que o fenômeno poderá salvá-los.

“Isso deve servir para chamar a atenção de que precisamos de sérios esforços globais para salvar esses animais”, disse Feldheim.

O estudo também contou com a colaboração da Comissão de Conservação de Peixes e da Fauna da Flórida. EFE

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