Estudos apostam em imunoterapia para combater o melanoma e o câncer cervical
Noemí G. Gómez.
Chicago (EUA), 2 jun (EFE).- Ativar e ampliar a resposta do sistema imune para atacar o câncer se transformou em uma linha de pesquisa estratégica para a comunidade científica, e, neste sentido, foram apresentados nesta segunda-feira, durante a reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, quatro novos estudos que aprovam a imunoterapia como via para ajudar o paciente.
A imunoterapia é o tratamento das doenças mediante a potencialização ou enfraquecimento dos mecanismos imunológicos.
As células tumorais podem ser identificadas como estranhas pelas células do sistema imune, desencadeando assim uma resposta que as destrói. A limitação está em esse sistema nem sempre funcionar, já que as células tumorais às vezes conseguem escapar deste mecanismo de destruição.
Os cientistas já conhecem aspectos importantes de como os tumores se protegem do sistema imune que deveria destrui-los.
Um trabalho da Universidade da Califórnia em 441 pacientes com melanoma avançado mostrou que dirigir um anticorpo a uma proteína chamada PD-1 consegue uma resposta de longo prazo em uma alta porcentagem de pacientes: a sobrevivência global em um ano foi do 69% em todos os subgrupos de pacientes.
“Este é provavelmente o maior teste em fase I, se conseguirmos comprovar a segurança e a eficácia do anticorpo, em oncologia”, disse Antoni Ribas, principal autor do estudo, que apontou que, apesar de serem dados iniciais, mostram que “estamos diante de algo importante”.
Em outro dos trabalhos de melanoma, uma equipe do Centro Gustave Roussy de Paris usou o fármaco imunoterápico ipilimumab no tratamento de pacientes em fase avançada e mostrou uma redução do risco de reincidência de 25% em relação ao grupo placebo.
“É um tratamento promissor”, afirmou Alexander Eggermont. O ipilimumab foi aprovado pela FDA (agência americana de drogas e alimentos) para casos de melanoma com metástases não operáveis.
Esta é a primeira vez que sua efetividade é comprovada na fase mais inicial da doença.
O terceiro estudo também inclui este fármaco, mas o combina com nivolumab e mostrou uma sobrevivência média “sem precedentes” em melanoma avançado: aproximadamente três anos e meio.
Esta combinação quase dobrou a média de sobrevivência registrada em estudos anteriores com um só fármaco.
Embora pequeno, a Sociedade Americana de Oncologia Clínica destacou um estudo sobre câncer cervical causado pelo vírus do papiloma humano (HPV).
O Instituto Nacional do Câncer de Bethesda, nos Estados Unidos, aplicou um novo tratamento personalizado com “resultados promissores”.
É um sistema baseado nas células T que conseguiu reduzir completamente o câncer em duas mulheres com metástases sem remissão pelo ano seguinte. É a primeira vez que o método foi testado para câncer do colo do útero.
As mulheres com câncer cervical com metástases têm opções limitadas de tratamento e a média de sobrevivência com os primeiros tratamentos quimioterapia e a combinação dela com bevacizumab, é de 13 e de 17 meses em média, respectivamente.
Para esta doença não há segunda linha de tratamento (se dá quando já não se responde à primeira linha).
Neste estudo nove pacientes receberam o tratamento baseado em células T e três responderam ao tratamento: uma obteve uma redução de 39% do tumor e as duas completa remissão.
O tratamento, no entanto, ainda é experimental e está associado a efeitos secundários significativos, alertou Christian Hinrichs, ao ressaltar que é preciso investigar por que é eficaz em determinadas mulheres e em outras não.
Em imunoterapia “temos avançado muito, em pouco tempo chegamos à conclusão que isto pode ajudar os pacientes”, concluiu Ribas. EFE
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