EUA acreditam que Cuba pode ter uma internet mais rápida e acessível
Washington, 30 mar (EFE).- Os Estados Unidos afirmaram nesta segunda-feira que Cuba tem “verdadeiro potencial” para conseguir uma conexão de internet e telefonia celular mais rápida e acessível para mais cubanos nos próximos anos, que proporcionará “grandes” oportunidades de comércio para as companhias de telecomunicações americanas.
Essa foi a conclusão da visita a Havana feita na semana passada pelo coordenador para as Comunicações Internacionais do Departamento de Estado americano, Daniel Sepúlveda, para dialogar sobre a melhoria no acesso às telecomunicações na ilha.
Cuba “não começa do zero” na hora de se conectar com o resto do mundo, apesar de “estar atrás da maior parte da região” no acesso à internet e à telefonia celular de sua população, disse hoje um funcionário americano do alto escalão aos jornalistas.
“Há um verdadeiro potencial aqui, sempre que houver uma vontade verdadeira por parte do (governo) cubano”, assegurou a fonte, que pediu o anonimato para falar sobre as conclusões da visita de Sepúlveda a Havana, durante os dias 24, 25 e 26 de março.
Sepúlveda visitou o país para explicar os detalhes da nova legislação do governo americano que, em janeiro, flexibilizou a exportação de equipamentos de informática e software para Cuba para facilitar as telecomunicações no país caribenho e baratear seus custos, como parte do processo de aproximação bilateral.
“Nosso objetivo era explicar o que as (novas) regulamentações fazem para permitir o comércio com Cuba das companhias americanas em relação às telecomunicações e aos serviços de internet, e ouvir seus objetivos (de Cuba) para sua infraestrutura de comunicações”, resumiu o funcionário.
A delegação de cerca de dez funcionários liderada por Sepúlveda se reuniu com responsáveis do governo de Cuba e com blogueiros cubanos independentes, além de visitar a Etecsa, a empresa estatal das telecomunicações que controla o setor na ilha.
Segundo o funcionário, Cuba se comprometeu a conseguir 60% de penetração da tecnologia móvel de internet entre sua população e outros 50% na conexão residencial, dois objetivos estabelecidos em novembro pela União Internacional das Telecomunicações (UIT) das Nações Unidas.
Na atualidade, apenas dois dos 11 milhões de habitantes da ilha têm acesso ao “serviço móvel”, que é oferecido através de redes 2G, o que traz oportunidades “interessantes” para as companhias americanas, já que o país é líder na adaptação para a tecnologia de dados 4G LTE, segundo o funcionário.
“Acho que haverá grandes oportunidades de comércio com Cuba” no setor das telecomunicações, afirmou a fonte.
“Parte do setor privado americano já manifestou seu desejo de investir nisso”, acrescentou, e considerou que será factível desde que “os cubanos criem um entorno atrativo para o investimento e a provisão de serviços”.
Por enquanto, Cuba é um dos países tecnologicamente mais atrasados do mundo, com uma taxa de penetração na rede de apenas 5%, um percentual que cai para 1% no caso da banda larga.
Em Cuba, a conexão residencial está restrita a poucos profissionais como jornalistas, médicos e advogados, com prévia autorização do governo, enquanto o restante da população tem acesso à internet através de lan houses oficiais ao custo de US$ 4,50 a hora, uma tarifa muito alta em um país onde o salário médio mensal fica em torno de US$ 20.
Os Estados Unidos anteciparam que haverá mais reuniões com Cuba sobre telecomunicações nos próximos meses e, por enquanto, estão revisando uma série de propostas discutidas com as duas delegações na semana passada, informou o funcionário. EFE
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