EUA admitem erros em estratégia contra ebola e republicanos pedem veto a voos

  • Por Agencia EFE
  • 16/10/2014 17h36
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Miriam Burgués.

Washington, 16 out (EFE).- O governo dos Estados Unidos e o hospital presbiteriano de Dallas, onde morreu um liberiano infectado com o vírus do ebola, admitiram nesta quinta-feira que houve erros que levaram à contaminação de duas enfermeiras, e os republicanos reivindicaram a proibição da entrada no país de voos vindos dos países afetados pela doença.

Em uma audiência na subcomissão de Investigações da Câmara dos Representantes, os legisladores bateram na “lentidão” do governo para conter a chegada do ebola ao país.

Em resposta, o diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Thomas Frieden, argumentou que “não é fácil” frear a propagação do vírus.

Os “erros ocorridos devem ser corrigidos rápido” para evitar mais contágios “e restabelecer a confiança da população”, pediu o republicano Tim Murphy, presidente da subcomissão.

O ebola não é um vírus “novo, embora seja novo nos Estados Unidos. Sabemos como controlá-lo”, se defendeu Frieden ao assinalar que para “proteger” os cidadãos nos Estados Unidos é fundamental deter primeiro o avanço do vírus na África Ocidental.

“A população tem medo”, enfatizou o representante republicano Fred Upton, ao lembrar que a segunda enfermeira contaminada, Amber Joy Vinson, viajou de avião de Cleveland, no estado de Ohio, para Dallas, no Texas, na segunda-feira, quando já sentia um pouco de febre.

Frieden, cuja renúncia foi pedida hoje por vários legisladores republicanos, admitiu que a enfermeira não deveria ter viajado, embora tenha sido um funcionário do próprio CDC que deu sinal verde para ela voar, já que sua febre estava abaixo do limite fixado pelo órgão e ela não tinha outros sintomas.

Na mesma linha, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, afirmou hoje que a decisão de permitir que a enfermeira voasse foi “um erro que não deveria ter ocorrido”, mas garantiu que o risco de infecção dos outros passageiros desse voo é “bastante baixo”.

Apesar das declarações de Earnest o medo é palpável: pelo menos cinco escolas fecharam hoje no Texas e em Ohio, em um caso porque dois estudantes tomaram o mesmo voo que Vinson e em outro porque um funcionário de um desses colégios acha que voou, em outro voo, no mesmo avião.

Vinson e a outra enfermeira contaminada, Nina Pham, trabalham no Hospital Presbiteriano de Dallas, onde o liberiano Thomas Eric Duncan ficou internado por dez dias e onde morreu em decorrência do vírus, contraído na Libéria.

O mesmo hospital admitiu ter cometido erros “no primeiro contato” com Duncan, segundo o testemunho dado hoje na audiência pelo diretor clínico do Texas Health Resources (consórcio sanitário que controla o centro), Daniel Varga.

Duncan, que quando chegou aos EUA estava com o vírus da doença e sem sintomas, foi pela primeira vez ao hospital em 25 de setembro com febre e dores abdominais, mas os médicos o enviaram para casa com antibióticos sem levar em conta que tinha chegado recentemente de um dos países da África onde a epidemia é mais grave.

Três dias depois, Duncan voltou ao centro e somente então foi isolado, e posteriormente diagnosticado com a doença.

A enfermeira Briana Aguirre, funcionária do hospital, contou hoje à emissora “NBC” que os diretores do centro médico “nunca” falaram sobre o ebola nem sobre como tratar os pacientes infectados pelo vírus antes da entrada de Duncan.

Na audiência, vários congressistas cobraram que o governo considere suspender temporariamente os voos originados de países afetados pelo vírus, uma proposta que é apoiada também pelo presidente da Câmara dos Representantes, o republicano John Boehner.

Em resposta, o porta-voz do presidente Barack Obama reiterou que o governo não está considerando, por enquanto, nenhuma proibição de voos.

Os controles nos aeroportos foram reforçados, desde o fim de semana no JFK (o internacional de Nova York) e a partir de hoje em outros quatro, Nova Jersey, Washington, Chicago e Atlanta, com medidas que incluem medir a temperatura corporal dos passageiros vindos da África Ocidental.

Obama cancelou as viagens previstas para arrecadação fundos para os democratas na campanha para as eleições legislativas de 4 de novembro.

O presidente deve se reunir outra vez hoje ainda com vários membros da equipe de governo encarregada da resposta ao ebola, e chamar vários líderes do Congresso para falar dos esforços em andamento. EFE

mb/cd

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