EUA alertam para impacto internacional se Texas não adiar execução de Tamayo
Washington, 21 jan (EFE).- O governo dos EUA pediu nesta terça-feira de novo às autoridades do estado do Texas para adiar a execução do réu mexicano Edgar Arias Tamayo porque poderia “minar” seus esforços de ajudar americanos detidos no exterior e sua cooperação em geral com outros países.
A porta-voz do Departamento de Estado, Marie Harf, se referiu em entrevista coletiva ao caso de Tamayo, um dos 13 mexicanos no corredor da morte no Texas e cuja execução está prevista para esta quarta-feira apesar de uma ordem da Corte Internacional de Justiça (CIJ) exigir a revisão do caso.
“Estamos pedindo um atraso em sua execução até que possa ser feita uma revisão adequada e uma reconsideração de se a falta de acesso consular influiu no resultado do processo” judicial, disse Harf em uma conferência telefônica com jornalistas.
Tamayo, de 46 anos, foi condenado à morte pelo assassinato de um agente policial em Houston em 1994.
Harf ressaltou que “ninguém discute” que, quando foi detido, Tamayo não foi informado de seu direito a solicitar a assessoria do consulado do México, o que constituiu uma violação à Convenção de Viena, que os Estados Unidos são signatários.
De acordo com a defesa, a execução constituiria um desacato da decisão emitida em 2004 pela Corte Internacional de Justiça da ONU, que ordenou que os Estados Unidos revisassem os casos de 51 réus mexicanos condenados à morte, incluído Tamayo.
O Texas se negou a cumprir essa ordem no caso de Tamayo e de outros dois presos mexicanos, já executados.
“O cumprimento pelos Estados Unidos das obrigações da Convenção de Viena é crítico para garantir a proteção de nossos próprios cidadãos detidos no exterior, e também crucial para manter a cooperação com governos estrangeiros, principalmente em assuntos de segurança”, indicou Harf.
Os Estados Unidos “querem poder pedir a outros países as mesmas proteções garantidas na convenção de Viena, e não querem que isso seja minado” por sua própria falta de cumprimento em casos como o de Tamayo, acrescentou.
Em 14 de janeiro, representantes dos Departamentos de Estado e de Justiça se reuniram com altos cargos do escritório do governador do Texas, Rick Perry, para conversar sobre o caso de Tamayo, e “esse diálogo segue aberto”, apontou a porta-voz.
O secretário de Estado, John Kerry conversou sobre o assunto durante uma reunião na sexta-feira com o chanceler mexicano, José Antonio Meade.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) cobrou também na sexta-feira que seja suspensa a execução de Tamayo por considerar que os Estados Unidos “violaram seus direitos fundamentais”, uma postura compartilhada hoje pela organização Human Rights Watch (HRW) e expressada por outros muitos ativistas e analistas. EFE
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