EUA anunciam investimento para renovar arsenal nuclear

  • Por Agencia EFE
  • 14/11/2014 17h18

Washington, 14 nov (EFE).- O Pentágono aumentará de maneira substancial os recursos para reparar e pôr em dia seu arsenal e sua infraestrutura nuclear, depois de vários relatórios internos apontarem “problemas sistêmicos” de manutenção e de falta de pessoal, confirmou nesta sexta-feira o secretário de Defesa, Chuck Hagel.

Hagel explicou que “a causa fundamental foi a falta de atenção e recursos constante”, o que permitiu que o arsenal nuclear “se deteriorasse desde o final da Guerra Fria”.

O chefe do Pentágono fez o anúncio em entrevista coletiva na sede do Departamento de Defesa em Arlington (na Virgínia), depois de dois relatórios internos que ressaltavam “problemas sistêmicos em todo o programa nuclear” serem revelados.

Eles identificaram mais de 100 recomendações para melhorar o arsenal e a infraestrutura nuclear, muitas com instalações datadas de 1950 e 1960.

“Estas questões poderiam abalar a segurança e a efetividade do arsenal nuclear dos Estados Unidos”, advertiu o secretário de Defesa aos jornalistas.

Hagel ressaltou a necessidade de “aumentar a equipe nuclear” e desfazer “a sensação generalizada de que uma carreira no programa nuclear oferece poucas oportunidades para crescer e progredir”, ao comentar a “baixa moral” existente entre os integrantes do programa.

Por isso, antecipou que os salários serão reajustados e haverá a nomeação de um novo comandante, que será um general de quatro estrelas, em lugar dos que tinham ocupado o cargo anteriormente, de três estrelas.

Embora não tenha informado o valor exato que será destinado a estas tarefas de renovação, que rondará os “vários bilhões”, assinalou que o objetivo é aumentar o orçamento para o programa nuclear em 10 % de maneira contínua nos próximos cinco anos.

O Pentágono gasta atualmente cerca de US$ 15 bilhões no programa nuclear, apontou Hagel.

Os relatórios identificaram “graves problemas com potenciais consequências para o mundo real se não forem encarados, alguns que exigem mudanças estruturais e culturais de longo prazo e permanentes”.

Os relatórios foram pedidos por Hagel em fevereiro deste ano, depois de serem revelados vários incidentes nas instalações onde está alojada a maior parte do arsenal nuclear intercontinental dos Estados Unidos, nas bases de Malmstrom (Montana), F.E. Warren (Wyoming) e Minot (Dakota do Norte).

Inclusive, ilustrou a situação contando que até ano passado as três bases só contavam com uma ferramenta para ajustar os pinos das cabeças dos mísseis nucleares e que precisavam revezá-la entre elas.

Em janeiro, o Pentágono suspendeu 92 oficiais responsáveis do arsenal nuclear de terra por terem falsificado os resultados de exames eliminatórios para compor a força encarregada dos silos atômicos em Malmostrom.

Em 2013 a Força Aérea dos Estados Unidos retirou a autorização de supervisão do lançamento de mísseis nucleares de 17 de seus oficiais por causa de resultados ruins em uma inspeção na base de Minot.

O chefe do Pentágono deve ir hoje à base de Minot, onde está um terço dos 450 mísseis nucleares tipo Minuteman 3 que os EUA possuem, para se reunir com os oficiais e comentar os planos de renovação.

Por último, Hagel reconheceu que, embora a Administração do presidente Barack Obama esteja cada vez mais reduzindo sua dependência de armas nucleares, elas continuam sendo uma parte estratégica da defesa das Forças Armadas americanas. EFE

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