EUA confirmam libertação e identidade de 53 presos políticos cubanos
Washington, 12 jan (EFE).- O governo dos Estados Unidos disse nesta segunda-feira que recebeu a confirmação da libertação dos 53 presos políticos que Cuba se comprometeu a soltar como parte do acordo de normalização da relação entre os dois países e que já entregou a lista com esses nomes para alguns membros do Congresso.
Segundo fontes do Departamento de Estado, o governo cubano notificou sobre a libertação de todos os presos políticos da lista elaborada pelos Estados Unidos e o Escritório de Interesses do país americano em Havana pôde verificar as libertações.
“Damos as boas-vindas a este passo positivo e aplaudimos a decisão do governo cubano de cumprir este compromisso”, indicou em entrevista coletiva a porta-voz adjunta do Departamento de Estado, Marie Harf.
“Estes presos políticos tinham sido detidos por exercer liberdades protegidas internacionalmente ou por promover reformas sociais e políticas em Cuba, como assinalaram as organizações humanitárias”, indicou Harf.
De Havana duas organizações defensoras de direitos humanos assinalaram, no entanto, que só têm ciência da libertação de 38 presos, cinco em 7 de janeiro e 33 dia 8.
O governo cubano não informou publicamente das libertações.
A porta-voz indicou que o governo americano não tornar a lista de libertados pública, mas não se opõe que os membros do Congresso que a receberam a divulguem se desejarem.
O passo dado hoje era uma parte essencial para prosseguir com o giro de Obama na política em relação a Cuba, que deveria permitir um aumento das viagens e intercâmbios econômicos entre os dois países, assim como retomar as relações diplomáticas após mais de meio século de inimizade.
O acordo com Cuba, anunciado em 17 de dezembro, permitiu em primeira instância a libertação do prestador de serviços americano Alan Gross, condenado na ilha por atividades subversivas, e a entrega a Havana de três espiões cubanos, do Grupo dos Cinco, que ainda estavam presos cumprindo pensa nos Estados Unidos.
Harf disse hoje que em um primeiro momento Cuba libertou “uma maioria significativa” de presos e Washington continuou pressionando para que a lista fosse completada, que inclui pessoas detidas há anos em prisões do regime castrista.
A porta-voz ressaltou que os EUA continuam preocupados com as detenções de curto prazo que servem para coagir ativistas e dissidentes políticos em Cuba.
Durante as discretas discussões sobre o restabelecimento de relações diplomáticas com Cuba, Washington transmitiu ao regime castrista o nome de quem estava preso por atividades políticas.
“O governo cubano tomou a decisão soberana de libertar estes indivíduos como já indicou Raúl Castro (líder cubano) em seu discurso de 17 de dezembro”, explicaram fontes do governo americano à Agência Efe.
A organização americana a favor da aproximação com a ilha caribenha, CubaNow, afirmou em comunicado que “Cuba ainda está muito longe de onde necessitaria estar (em assuntos de presos políticos), mas o anunciado hoje reforça o fato de que nossa nova política será mais efetiva para o povo cubano”.
CubaNow pediu ao Congresso, dominado agora pelos republicanos, que explore políticas que sirvam de incentivo para reformas em Cuba de liberdade política e direitos humanos.
A dissidência cubana considera as libertações como uma mera “liberdade condicional”, já que muitos dos ativistas correm o risco de voltar a serem detidos e têm de se apresentar às autoridades periodicamente para prestar contas de suas atividades.
A União Patriótica de Cuba (Unpacu) denunciou hoje a existência de mais presos políticos nas prisões cubanas e garantiu que ainda há 11 detidos que não foram libertados.
Entre os detidos que a Unpacu pôde confirmar que foram soltos está Alexander Otero, que passou quase dois anos preso e foi vítima de abusos.
Segundo o organismo, Otero teve problemas para normalizar sua situação logo após sair em liberdade.
Daqui a duas semanas a secretária de Estado adjunta para a América Latina, Roberta Jacobson, viaja para Havana para negociar avanços nas regulações migratórias e sobre o reatamento das relações diplomáticas entre os dois países.
Jacobson será a funcionária de mais alto nível que visita Cuba desde a ruptura das relações em 1961. EFE
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