EUA convocam líderes do G7 e advertem contra incursões russas na Ucrânia

  • Por Agencia EFE
  • 18/03/2014 18h44

Miriam Burgués.

Washington, 18 mar (EFE).- Os Estados Unidos convocaram nesta terça-feira seus parceiros no Grupo dos Sete (G7) a reunir-se na próxima semana em Haia para analisar a crise na Ucrânia e advertiram Moscou contra novas incursões em seu vizinho após a oficialização da anexação da Crimeia à Rússia.

Obama, que iniciará neste domingo uma viagem pela Europa, convidou os líderes do G7, formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, a encontrar-se “às margens” da Cúpula de Segurança Nuclear prevista para Haia, segundo informou a Casa Branca.

A reunião do bloco, que engloba todos os membros do G8 menos a Rússia, “estará focada na situação na Ucrânia e em novas medidas que o G7 pode tomar para responder à evolução dos eventos e apoiar a Ucrânia”, detalhou em comunicado a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Caitlin Hayden.

O encontro aconteceria em Haia aproveitando a presença de mais de meia centena de chefes de Estado e de governo nessa cidade por ocasião da Cúpula de Segurança Nuclear que será realizada ali nas próximas segunda e terça-feira.

No comunicado, a Casa Branca lembrou que junto a seus parceiros do G7 já decidiram recentemente suspender os preparativos da cúpula do G8 que aconteceria em Sochi, na Rússia.

Obama falou hoje por telefone com a chanceler alemã, Angela Merkel, com quem concordou em qualificar de “inaceitáveis” tanto o referendo do domingo passado na Crimeia como a anexação dessa província ucraniana à Rússia.

A Rússia oficializou hoje a anexação da Crimeia, rejeitada de modo quase unânime pela comunidade internacional, enquanto o governo interino da Ucrânia declarou que o conflito já passou à esfera militar e autorizou o uso de armas a seus soldados na península escindida.

Kiev denunciou a morte de um suboficial ucraniano durante um ataque a uma de suas bases em Simferopol, capital da Crimeia, por parte de militares sem distintivos, supostamente russos.

Enquanto isso, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, reiterou que a comunidade internacional não reconhecerá jamais “a tentativa de anexação” da Crimeia à Rússia, que definiu como “uma ameaça à paz” global e “claramente ilegal”.

O porta-voz de Obama alertou sobre as consequências que terá o caminho adotado pelo Kremlin para anexar Crimeia na Bolsa de Valores de Moscou e sobre o valor do rublo.

“Se eu fosse vocês, não investiria em valores russos atualmente”, advertiu em sua entrevista coletiva diária.

Por sua parte, o secretário de Estado americano, John Kerry, comentou em um fórum com estudantes universitários em Washington que o presidente russo, Vladimir Putin, está “do lado errado da história” e que o “descumprimento” das normas jurídicas internacionais terá “custos”.

Nesta segunda-feira Obama ordenou duras sanções contra sete altos funcionários russos pelo referendo de anexação realizado na Crimeia e contra quatro ucranianos, entre eles o deposto presidente Viktor Yanukovich.

Além disso, o vice-presidente americano, Joe Biden, antecipou hoje em Varsóvia, onde se encontra em visita oficial, que haverá mais sanções contra o Kremlin, porque, segundo disse, a anexação da Crimeia à Rússia “não é mais que uma usurpação de terras”.

Por outro lado, Kerry também advertiu contra possíveis novas incursões russas no leste da Ucrânia.

“Isso seria um enorme desafio para a comunidade internacional que requereria uma resposta de acordo com o nível desse desafio”, ressaltou o chefe da diplomacia americana.

Por sua parte, o ex-rival de Obama nas eleições presidenciais de 2012, o republicano Mitt Romney, uniu-se hoje às críticas de vários membros do Congresso que consideram que o governo não foi nem está sendo suficientemente firme com a Rússia e, em particular, com Putin.

Parte do “fracasso” de Obama e de Hillary Clinton, sua ex-secretária de Estado, “se deve à falta de ação quando a ação era possível e necessária”, argumentou Romney em artigo de opinião no jornal “The Wall Street Journal”.

“É difícil nomear um só país que tenha hoje mais respeito e admiração pelos Estados Unidos desde que Obama assumiu o cargo”, escreveu Romney. EFE

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