EUA dizem que já responderam à Costa Rica sobre o polêmico “Twitter cubano”

Washington, 25 abr (EFE).- Os Estados Unidos já responderam “em múltiplas ocasiões” ao Ministério das Relações Exteriores da Costa Rica sobre o aparente uso não autorizado do território do país centro-americano para a polêmica operação da rede social ZunZuneo, conhecida como o “Twitter cubano”, disse nesta sexta-feira uma fonte oficial.

“Nossa embaixada na Costa Rica recebeu uma nota diplomática do Ministério das Relações Exteriores da Costa Rica pouco depois da notícia (sobre o ZunZuneo), na qual pedia uma explicação sobre o que dizia o artigo” da imprensa, explicou nesta sexta-feira em declarações à Agência Efe um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, que preferiu manter o anonimato.

O funcionário acrescentou que “nos dias seguintes – ao pedido da Costa Rica -, trabalhadores da embaixada entraram em contato com representantes do Ministério das Relações Exteriores em múltiplas ocasiões sobre esse assunto”.

A resposta do Departamento de Estado americano, que não explicou o conteúdo dos contatos entre os diplomatas dos dois países, acontece três dias depois que o governo da Costa Rica pediu publicamente uma resposta formal dos Estados Unidos sobre a polêmica.

“É altamente inconveniente e não vamos compactuar com isso. Se esse fato se apresentou, tem que haver um esclarecimento. Este governo e este país não servem para que sejam utilizados por terceiros para afetar outros países”, disse na terça-feira passada o ministro das Comunicações costarriquenho, Carlos Roverssi.

O funcionário costarriquenho explicou que a Chancelaria solicitou no começo de abril, com uma nota formal, uma explicação ao governo americano, da qual, assegurou, ainda não teve resposta.

O jornal costarriquenho “La Nación” publicou na terça-feira uma investigação na qual garante que a rede social ZunZuneo operou na Costa Rica durante um ano e meio desde meados de 2009, sem consentimento e conhecimento do governo.

No início deste mês, uma agência de notícias americana revelou que os EUA desenvolveram através de sua agência para o desenvolvimento (Usaid, sigla em inglês) uma espécie de “Twitter cubano”, com o nome ZunZuneo, para fomentar a dissidência entre os jovens do país caribenho.

Os Estados Unidos reconheceram depois a existência desse projeto, mas negaram que seu propósito era prejudicar o governo cubano, conforme afirmação das autoridades de Havana, que o classificou como parte de uma estratégia “subversiva” de Washington contra Cuba.

O jornal costarriquenho “La Nación” informou que a rede social ZunZuneo funcionou, sem que o governo do país centro-americano tivesse conhecimento, dentro do “Programa de Intercâmbio Latino-americano (Pila, sigla em espanhol)”.

A publicação também afirmou que notas diplomáticas da Embaixada americana foram enviadas para a Chancelaria costarriquenha em abril e maio de 2009, explicando que o Pila serviria para “aumentar a comunicação, as relações e intercâmbios entre a sociedade civil democrática em Cuba e organizações da sociedade civil na América Latina e no Caribe, incluindo a Costa Rica”, sem mencionar a rede social.

Segundo a mesma informação, a Costa Rica se recusou a oferecer incentivos para o Pila e a credenciar dois funcionários americanos em junho de 2009, pois considerava que isso poderia acarretar em problemas com outros países, mas o programa foi levado adiante.

De acordo com o “La Nación”, a empresa encarregada da rede social nos Estados Unidos, Creative Associates, instalou na Costa Rica uma filial chamada Crea Costa Rica S.A em 2009, com a qual operou a rede social.

A embaixada americana afirmou ao jornal que nunca recebeu uma objeção do governo costarriquenho e que um diplomata que trabalhou no projeto foi devidamente credenciado. EFE