EUA fecham acordo para enviar detentos de Guantánamo ao Uruguai
Washington, 16 jul (EFE).- A Casa Branca notificou discretamente ao Congresso sua intenção de transferir ao Uruguai seis detentos da prisão da Base Naval de Guantánamo, após fechar um acordo com o governo do presidente José Mujica.
Segundo informaram hoje fontes do Departamento de Estado à Agência Efe, a Administração do presidente Barack Obama já notificou o Congresso sobre o acordo e a intenção de enviar esses prisioneiros, considerados de baixo risco pelos Estados Unidos, ao Uruguai.
“A Administração advertiu o Congresso com uma notificação de 30 dias sobre a intenção de transferir estes seis detidos de Guantánamo ao Uruguai”, informou a fonte oficial.
“Os Estados Unidos agradecem ao Uruguai, nosso parceiro, seu grande gesto humanitário e aprecia a generosa assistência do governo uruguaio enquanto os Estados Unidos continuam com seus esforços para fechar Guantánamo”, acrescentou.
Os presos, autorizados para serem transferidos há mais de quatro anos, poderiam chegar ao Uruguai em poucas semanas, já que não é provável que o Congresso bloqueie a medida.
Segundo a lei de dotações de Defesa aprovada este ano pelo Legislativo, o secretário de Defesa, Chuck Hagel, deve notificar com 30 dias de adiantamento novas transferências de presos e esclarecer que existem garantias que estes indivíduos não representam um risco para a segurança nacional.
No caso destes seis prisioneiros, o governo americano deu garantias com informação de vários setores do Executivo, assim como de agências de inteligência e policiais, explicou o funcionário do Departamento de Estado.
“A decisão de transferir os detidos foi tomada apenas após conversas detalhadas e específicas sobre os riscos potenciais com o país receptor”, explicou a fonte, que assegurou que também foram tratadas as medidas que o Uruguai deve tomar para diminuir uma eventual ameaça e para que estas pessoas sejam tratadas de maneira humanitária.
“Se não temos garantias suficientes estas transferências não acontecem”, garantiu o funcionário, que não quis esclarecer por motivos de segurança as possíveis datas da transferência ou a identidade dos presos.
Este grupo de detidos será o mais numeroso a ser transferido a outro país desde 2009, quando se iniciou uma paralisia nas repatriações daqueles detentos que tinham recebido o sinal verde para deixar o presídio em solo cubano no qual estão há mais de uma década.
Com a saída destes seis detentos da prisão que o presidente americano Barack Obama prometeu fechar antes de deixar a Casa Branca em janeiro de 2017, a população reclusa caiu para 143 (dos quais 72 foram aprovados para serem transferidos).
Obama tentou acelerar as transferências dos detidos menos perigosos, mas bateu de frente com a oposição do Congresso, que chegou a vetar todos aqueles com nacionalidade iemenita por temer que retornassem ao combate.
A transferência ao Uruguai foi atrasada também pelo polêmico acordo de libertação do prisioneiro de guerra americano Bowe Bergdahl, que foi trocado por cinco líderes talibãs presos em Guantánamo sem que o Congresso fosse notificado no tempo estipulado.
O presidente uruguaio tinha mostrado sua disposição no final de março de colaborar no fechamento da prisão de Guantánamo, criada pelo presidente George W. Bush em 2002 para manter os suspeitos de pertencer à Al Qaeda fora das proteções legais que regem nos tribunais federais americanos. EFE
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