EUA investigam possíveis falhas após primeiro contágio por ebola no país

  • Por Agencia EFE
  • 12/10/2014 20h14

Washington, 12 out (EFE).- As autoridades de saúde dos Estados Unidos estão investigando possíveis falhas nos protocolos de segurança do hospital no estado do Texas onde uma funcionária se transformou no primeiro caso de contágio de ebola dentro do país, segundo a confirmação divulgada neste domingo pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês).

Na manhã de hoje foi divulgado que o primeiro teste realizado pelo Serviço de Saúde do Texas tinha dado positivo para ebola em uma funcionária do Hospital Presbiteriano de Dallas, aparentemente uma enfermeira, mas que não teve sua identidade revelada por desejo da família.

Um segundo teste realizado pelos CDC confirmou o contágio da mulher, que atendeu e esteve em contato “prolongado” com Thomas Eric Duncan, um liberiano diagnosticado com ebola nos EUA, que morreu na última quarta-feira.

Duncan chegou aos Estados Unidos no dia 20 de setembro e, em poucos dias, manifestou os primeiros sintomas do vírus, que aparentemente contraiu em seu país de origem quando ajudou a transferir uma vizinha doente de ebola para um centro médico.

Durante seu contato com Duncan, a funcionária infectada utilizou os equipamentos de proteção necessários, como macacão, luvas e máscara, mas “em algum momento houve uma falha no protocolo” de segurança que agora as autoridades dos CDC vão investigar, anunciou hoje em entrevista coletiva o diretor dessa entidade, Thomas Frieden.

A mulher infectada, que se encontra estável desde que foi isolada na sexta-feira passada pela noite, 90 minutos depois de relatar que tinha “febre baixa”, “é uma heroína, que atendeu ao senhor Duncan”, enfatizou em outra entrevista o juiz Clay Jenkins, do condado de Dallas.

Até agora, a mulher não foi capaz de identificar qual falha pôde ter cometido, por isso, a investigação analisará, entre outras coisas, o modo como retirou seu traje de proteção, já que um procedimento incorreto pode levar ao contágio, além dos processos que foram realizados em Duncan durante seu tratamento.

Este é o segundo caso de contágio da doença fora da África depois que a auxiliar de enfermagem Teresa Romero contraiu a doença na Espanha. Segundo as autoridades do país europeu, a hipótese mais provável é que a infecção ocorreu também por uma falha no protocolo de segurança durante a remoção do traje de proteção.

O presidente dos EUA, Barack Obama, ordenou uma investigação “o mais rápido possível” sobre a “aparente” falha nos protocolos de controle de infecções do Hospital Presbiteriano de Dallas.

O hospital já havia recebido críticas quando se soube que a primeira vez que Duncan foi até o recinto, no dia 25 de setembro, acabou sendo enviado para casa mesmo apresentando sintomas associados ao ebola.

Duncan retornou a esse centro médico em uma ambulância no dia 28 de setembro, quando foi admitido e posteriormente diagnosticado com a doença.

Funcionários dos CDC enviados a Dallas trabalharão com as autoridades locais e estaduais para “revisar” os procedimentos de controle de infecções do hospital e o uso dos trajes de proteção por parte dos funcionários, de acordo com as determinações dadas por Obama após uma conversa telefônica com sua secretária de Saúde, Sylvia Burwell.

Além disso, Obama pediu que as autoridades federais de saúde tomem medidas adicionais “imediatas” para garantir que os hospitais e outros provedores de atendimento médico em todo o país estejam “preparados” para seguir os protocolos adequados para tratar de doentes com ebola.

De acordo com o prefeito de Dallas, Mike Rawlings, uma equipe especializada no manejo de materiais perigosos foi hoje até o complexo de apartamentos onde vive a funcionária do hospital para desinfetar e limpar as áreas comuns.

Rawlings também detalhou que há no apartamento da mulher um animal de estimação que, aparentemente, não mostra sintomas de contágio.

Além de Duncan, quatro americanos que contraíram o ebola na África foram tratados no país. Dois deles, Kent Brantly e Nancy Writebol, conseguiram se curar da doença depois que receberam o soro experimental ZMapp, que até então não tinha sido testado em humanos.

O outro infectado, o médico Rick Sacra, também se curou após receber um remédio experimental chamado TCM-Ebola e uma transfusão de sangue de Kent Brantly no Centro Médico Nebraska, hospital que recebeu os pacientes trazidos da Áfica com a doença, mas acabou sendo internado novamente em um hospital de Boston por uma infecção respiratória e foi colocado em isolamento por precaução.

No entanto, após realizar exames, foi descartado que pudesse ter sofrido uma recaída do vírus.

Apenas uma dessas quatro pessoas, o operador de câmera Ashoka Mukpo, permanece internado e está “melhorando”, de acordo com a informação divulgada hoje pelo Centro Médico Nebraska.

O surto de ebola que atinge especialmente Guiné, Serra Leoa e Libéria já causou mais de 4 mil mortes, segundo os últimos números da Organização Mundial da Saúde (OMS). EFE

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