EUA lançam ambicioso plano para reduzir emissões de gás em 30% até 2030

  • Por Agencia EFE
  • 02/06/2014 17h35

Lucía Leal.

Washington, 2 jun (EFE).- O governo dos Estados Unidos divulgou nesta segunda-feira um plano de redução de 30% até 2030 das emissões de carbono das centrais termoelétricas, uma proposta ambiciosa que precisará superar uma notável oposição interna e com a qual o país pretende “liderar” as negociações internacionais sobre o tema.

A proposta, apresentada pela Agência de Proteção Meio Ambiental (EPA, na sigla em inglês), só deverá começar a ser implementada a partir de junho de 2016, toma como referência os níveis de 2005 e procura dar flexibilidade aos estados para alcançar esse objetivo.

“Isto é como se eliminássemos a poluição anual por carbono de dois terços dos automóveis e caminhões dos Estados Unidos”, explicou a diretora da EPA, Gina McCarthy.

O plano, lançado por ordem executiva e considerado a peça-chave da agenda de Obama contra a mudança climática, tem a oposição frontal de grande parte da ala republicana do Congresso, da indústria do carvão e da Câmara de Comércio americana.

Para facilitar a implementação do plano, o governo buscou dar flexibilidade aos estados, que em vez de fechar imediatamente as usinas térmicas, consideradas as mais poluentes, poderão, por exemplo, aumentar a produção de energias renováveis ou trocar permissões de emissões com outros estados.

“A chave para fazer com que este plano funcione é ajustar a meta de cada estado às suas próprias circunstâncias, e os estados poderão atingi-la da maneira que considerarem melhor”, ressaltou McCarthy.

Cerca de 40% da poluição nos EUA vem das usinas de energia. A nova legislação regulará as emissões de carbono em centenas de centrais, entre elas 600 de carvão.

A EPA receberá comentários sobre o plano até junho do ano que vem e depois a norma entrará em vigor. Os estados terão até junho de 2016 para apresentar os projetos para alcançar a meta, com a opção de pedir prorrogação de até um ano.

O objetivo, que prevê uma redução de 20% nas emissões em 2020, é um pouco menos ambicioso do que os grupos ambientalistas pediam, como o ano de referência ser 2012 em vez de 2005, justificando que os níveis de poluição se reduziram de forma sustentada desde então.

A medida foi bem-recebida pelos principais grupos ambientalistas, como Sierra Club, que destacou que ele aliviará os efeitos nocivos para a saúde da poluição por carbono.

A saúde pública é o principal argumento utilizado por Obama para defender o plano. Segundo o governo federal, 6.600 mortes prematuras poderão ser evitadas e até 150 mil ataques de asma em crianças, o que repercutirá em até US$ 93 bilhões economizados em saúde e meio ambiente.

Essa economia compensará, de acordo com a Administração, o custo anual de US$ 7,3 bilhões a US$ 8,8 bilhões que a implementação do plano custará.

Esse número dista muito do projetado na semana passada pela Câmara de Comércio, que alegou que ele custaria US$ 50 bilhões por ano à economia, e destruiria 224 mil postos de trabalho, além de aumentar os custos da energia.

A EPA descartou hoje que esses custos disparem e prometeu que “se os estados aproveitarem as oportunidades de eficiência”, as faturas médias da eletricidade “serão 8% mais baratas” em 2030.

“Qualquer aumento a curto prazo nos preços de eletricidade estará dentro das oscilações normais com as quais já o setor energético durante anos”, indicou McCarthy.

O plano foi lançado cinco meses antes das eleições legislativas de novembro em EUA, e os republicanos se dispõem a transformá-lo em um cavalo de batalha, conscientes do quão sensível é qualquer ação contra a indústria do carvão em vários de seus estados.

O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano John Boehner, qualificou de “loucura” o plano apresentado hoje, e previu que “mandará empregos para o exterior nos próximos anos e condenará (o país) a faturas mais altas e receitas menores”.

Apesar da oposição interna, as medidas anunciadas hoje podem colocar os EUA em vantagem para a conferência da ONU de Paris em 2015, onde deve ser adotado um acordo global vinculativo sobre as emissões globais de carbono.

“A liderança dos EUA nesta área, e a demonstração de que este é um objetivo que perseguimos a sério terá, pelo menos potencialmente, efeitos positivos em outros países à medida que enfrentamos coletivamente este desafio global”, disse hoje o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.

Em janeiro a Comissão Europeia propôs um objetivo obrigatório de corte de emissões de gases do efeito estufa em 40% para 2030 em nível europeu. Apesar das boas intenções e propostas, a China é o país-chave para a implementação de políticas de redução de emissão de carbono, por ser o maior emissor do mundo. EFE

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