EUA não descarta sanções à Venezuela, mas prefere dar mais tempo ao diálogo

  • Por Agencia EFE
  • 08/05/2014 14h31

Washington, 8 mai (EFE).- O governo dos Estados Unidos não descarta a imposição de sanções contra funcionários venezuelanos em caso de uma piora da situação no país, mas, apesar dos poucos avanços nas negociações entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição, prefere dar mais tempo ao diálogo.

Assim declarou nesta quinta-feira a secretária de Estado Adjunta para a América Latina, Roberta Jacobson, em uma audiência realizada perante o Comitê de Relações Exteriores do Senado americano, onde um projeto de lei para a imposição de sanções já foi apresentado e deverá ser submetido a voto nas próximas semanas.

No início da sessão, o presidente do Comitê, o democrata Robert Menéndez, se referiu ao recente relatório emitido pela ONG Human Rights Watch (HRW), o qual descreve cruéis violações dos direitos humanos por parte do governo venezuelano.

“O relatório documenta como as forças de segurança venezuelanas submetem os manifestantes detidos a graves maus-tratos físicos. Não vou entrar em muitos detalhes (…)”, relatou o senador, que, na sequência, interpelou Jacobson sobre a necessidade de castigar através de sanções a os executores dessas ações.

A funcionária reconheceu que o Departamento de Estado não descartou essa ferramenta para responder ao que ocorre na Venezuela, mas insistiu que “uma das coisas mais importantes” é que ainda há “elementos significativos” que defende a oposição em cima da mesa de diálogo.

“Certamente, consideramos a revogação de vistos e outras sanções econômicas, como o bloqueio de bens sob a autoridade que já possuímos (…) e serão úteis se não vermos movimento sobre a mesa”, reiterou a secretária de Estado adjunta perante os legisladores.

Jacobson reiterou que o governo de Obama não quer que sua postura sirva para que o governo de Maduro a use “como distração” no meio das negociações auspiciadas pelos ministros das Relações Exteriores do Brasil, Colômbia e Equador.

No entanto, a diplomática reconheceu que a repressão governamental segue vigente na Venezuela e reiterou em diversas ocasiões que as vozes dos estudantes que protestam nas ruas devem ser escutadas para a resolução do conflito.

Nesta quinta-feira, por exemplo, 243 pessoas foram detidas em quatro acampamentos instalados em diversos pontos do leste de Caracas para protestar contra o governo, enquanto a audiência para considerar o caso do líder opositor preso Leopoldo López foi suspensa sem prévio aviso.

O dirigente opositor é acusado dos crimes de autoria intelectual de incêndio intencional, instigação pública, danos e formação de quadrilha pelos fatos violentos registrados no dia 12 de fevereiro, quando uma manifestação pacífica convocada por López se juntou com outra de estudantes na sede principal do Ministério Público.

Desde então, a Venezuela vive uma onda de protestos, em algumas ocasiões marcadas por fatos de violência, que deixaram cerca de 50 mortos até o momento. EFE

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