EUA não devem “sacrificar” aliança por clérigo “terrorista”, diz Turquia

  • Por Estadão Conteúdo
  • 09/08/2016 08h56
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EFE Turquia

O ministro da Justiça turco, Bekir Bozdag, afirmou, nesta terça-feira, 9, que os Estados Unidos estariam sacrificando sua aliança com a Turquia em função de “um terrorista”, caso se recusem a extraditar o clérigo muçulmano Fethullah Gulen, que vive em território norte-americano. O governo turco acusa Gulen de estar por trás do fracassado golpe ocorrido em 15 de julho no país.

Bozdag também disse, segundo a agência estatal Anadolu, que o sentimento contrário aos EUA atinge “seu pico” na Turquia por causa da questão do retorno do clérigo. A Turquia diz que o movimento de Gulen é uma organização terrorista e quer que ele seja enviado ao país para ser julgado. Washington diz que primeiro precisa ver evidências do envolvimento do clérigo na tentativa de golpe e que uma extradição precisa seguir um processo legal para ocorrer.

Gulen vive em um exílio na Pensilvânia e negou envolvimento na violenta tentativa de golpe, que deixou mais de 270 mortos. “Se eles não devolverem ele, terão sacrificado a Turquia por um terrorista”, disse Bozdag. “Os Estados Unidos são um grande Estado e eu acredito que farão o que é esperado de um grande Estado”.

Bozdag disse que autoridades turcas investigam quem seria o número 2 na trama do golpe, atrás de Gulen. “Não há informação firme sobre quem seria o chefe de Estado, quem seria o primeiro-ministro, se esse golpe tivesse sido bem-sucedido”, afirmou a autoridade.

Em seu discurso semanal aos parlamentares do partido governista, o primeiro-ministro Binali Yildirim comprometeu-se a atuar para levar Gulen a julgamento. 

Bozdag disse que a Turquia prendeu formalmente 16 mil suspeitos que aguardam julgamento pela tentativa de golpe, com 6 mil outros ainda sendo questionados. Pelo menos 7.668 outras pessoas estão sob investigação mas não foram detidos, segundo o ministro.

Além disso, dezenas de milhares de pessoas com supostos laços com Gulen foram suspensos ou afastados de seus trabalhos no Judiciário, na imprensa, no setor educacional, de saúde, das Forças Armadas e de governos locais. Países europeus e grupos pelos direitos humanos mostraram-se alarmados com o escopo da caça aos supostos envolvidos no golpe. Autoridades turcas, por sua vez, reclamaram pela falta de apoio ao país após o episódio.

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