EUA pedem ao Peru mais documentos para deter ex-presidente Toledo
A Justiça dos Estados Unidos pediu ao Peru mais documentos para dar sequência à detenção do ex-presidente Alejandro Toledo, acusado de receber US$ 20 milhões em propinas da construtora brasileira Odebrecht, afirmou neste domingo o ministro do Interior do país, Carlos Basombrío.
Basombrío disse à “Rádio Programas del Peru” que as questões assinaladas pelos EUA estarão resolvidas até segunda-feira, mas, enquanto isso, Toledo pode viajar para qualquer lugar.
O ministro afirmou que o governo do Peru tem informações confiáveis de que Toledo está tentando fugir para Israel. “De repente, ele até já embarcou”, ressaltou.
Segundo Basombrío, o ex-presidente tinha comprado passagens para o voo 945 da companhia United Airlines, que partiu na noite de ontem de San Francisco rumo a Tel Aviv, onde deve pousar na tarde de hoje.
“Tomara que ele tenha se assustado e não tenha embarcado”, disse o ministro, apesar de acreditar que o mais provável é que o ex-presidente do país esteja a bordo do voo.
O Peru alertou na sexta-feira as autoridades de Israel sobre a possível chegada de Toledo. A embaixada do país em Tel Aviv também está atuando para que a entrada dele no território israelense não seja permitida.
Basombrío explicou que o alerta vermelho emitido pela Interpol sobre Toledo para 190 países é apenas uma advertência. “Cada país é soberano para capturá-lo ou não”, ressaltou.
Se Toledo entrar em Israel, os trâmites para conseguir que ele retorne ao Peru serão mais complicados porque os dois países não têm um tratado bilateral sobre extradições.
Toledo mantém laços amistosos com Israel. Sua esposa, Eliane Karp, é uma judia de origem belga. Seu principal amigo, Josef Maiman, é um empresário peruano-israelense, acusado de ser testa de ferro das offshores nas quais a Odebrecht depositou a propina.
Pessoas em Israel próximas ao ex-presidente disseram ontem à Agência Efe, sob anonimato, que não tinham tido contato com ele.
A Promotoria do Peru acusa Toledo pelos crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro por ter recebido dinheiro da Odebrecht para favorecer a construtora em licitações no país.
O governo do Peru ofereceu na sexta-feira uma recompensa de 100 mil sóis (US$ 33 mil) para quem oferecer informações que facilitem a prisão de Toledo.
O ex-presidente é a primeira grande figura da política peruana envolvida no caso Odebrecht. A empresa admitiu ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos ter pagado US$ 29 milhões a funcionários públicos do Peru entre 2005 e 2014, período que compreende os governos do próprio Toledo (2001-2006), Alan García (2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016).
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