EUA recorrem contra decisão de liberar famílias de imigrantes ilegais detidas
Washington, 7 ago (EFE).- O governo dos Estados Unidos apresentou um recurso contra a ordem de uma juíza federal da Califórnia de liberar as famílias de imigrantes ilegais que permanecem nos centros de detenção, argumentando que isso geraria “um aumento do número de pais que cruzam a fronteira com seus filhos”.
O recurso, ao que a Agência Efe teve acesso nesta sexta-feira, pretende reverter a decisão da juíza federal da Califórnia que, em 24 de julho, ordenou liberar de dois centros de detenção do Texas as crianças abrigadas ali, por considerar que o governo violava o acordo extrajudicial “Flores” de 1997, pelo qual os pequenos deveriam viver nas condições “menos restritivas” possíveis.
O governo de Barack Obama argumentou que, se a decisão for executada, “elimina a capacidade do governo de deportar ou readmitir as famílias sob nenhuma circunstância, o que poderia provocar outro aumento notável do número de pais que cruzam a fronteira com seus filhos”.
Por isso, o executivo pediu à Corte do Distrito Central da Califórnia, encarregada do caso, que reinterprete o acordo “Flores” e que permita expor em uma audiência seus argumentos contra a liberação das famílias antes de tomar uma decisão final sobre o assunto.
No documento judicial, apresentado à Corte ontem, o governo detalhou que no ano fiscal de 2015, que começou em outubro de 2014, a Patrulha Fronteiriça dos EUA deteve 24.901 membros de unidades familiares, o que representa uma queda de 55% em relação ao ano fiscal de 2014.
Durante o ano fiscal 2014 (de 1º de outubro de 2013 a 30 de setembro de 2014), o número de crianças e pais detidos na fronteira foi de 68.441, um aumentou de 361% comparado com 2013.
Mas o Departamento de Segurança Nacional destacou que este ano o número de detenções aumentou de forma constante a cada mês, desde janeiro a julho, e que, embora tenha havido uma redução em relação ao ano anterior, o número de detenções continua sendo “ainda substancialmente maior” do que em anos anteriores, e por isso as detenções devem ser mantidas.
Há meses os centros de detenção de imigrantes estão cercados de polêmica, com mães em greve de fome e centenas de congressistas pedindo o fechamento dessas instalações, que compararam com “prisões”, pelo “grave” dano que causam as mães e crianças internadas.
O secretário de Segurança Nacional, Jeh Johnson, anunciou em junho uma reforma para reduzir o tempo que as famílias de imigrantes permanecem nesses centros de detenção de imigrantes ilegais, que foram reabertos após a chegada em massa de imigrantes ano passado.
Após o anúncio de Johnson, seu departamento começou a avaliar os casos das famílias detidas durante mais de 90 dias para determinar se devem ou não permanecer internadas e começar a liberar as que estão retidas há mais tempo. EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.