EUA reforçam segurança para divulgação de relatório sobre torturas da CIA
Washington, 8 dez (EFE).- O Pentágono e o Departamento de Estado dos EUA informaram nesta segunda-feira que estão reforçando a segurança em seus postos em todo o mundo pela possibilidade de “agitação” com a divulgação amanhã de um relatório sobre as práticas de tortura da CIA em suspeitos de terrorismo na década passada.
A Comissão de Inteligência do Senado publicará nesta terça-feira seu esperado relatório sobre o uso de controvertidos processos de interrogatório em suspeitos e membros da Al Qaeda retidos em instalações secretas na Europa e na Ásia nos oito anos posteriores aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, confirmou que o governo de Barack Obama apoia “categoricamente” a divulgação desse relatório desclassificado, no qual a Comissão de Inteligência do Senado trabalha desde 2009.
“A administração está há meses se preparando para a publicação deste relatório. Há algumas indicações que essa divulgação poderia levar a um maior risco para as instalações e indivíduos americanos no mundo todo”, disse Earnest em sua entrevista coletiva diária.
“Por isso, a administração deu os passos prudentes para garantir a implementação das precauções adequadas de segurança nas instalações americanos no mundo todo”, acrescentou o porta-voz.
O Pentágono emitiu na sexta-feira uma diretriz aos comandantes militares no mundo todo para que permaneçam em alerta especial pela publicação do relatório, disse o porta-voz do Departamento de Defesa, o coronel do Exército Steve Warren.
“Certamente há uma possibilidade de a publicação deste relatório provocar agitação e, portanto, o Estado-Maior Conjunto ordenou os comandantes combatentes que tomem as medidas adequadas de proteção das forças”, assinalou Warren.
No mesmo sentido, o Departamento de Estado instruiu na quinta-feira os chefes das missões diplomáticas no mundo todo “a revisar os protocolos de segurança da missão antes da publicação do relatório”, afirmou a porta-voz da diplomacia americana, Jen Psaki.
O presidente do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes, o republicano Mike Rogers, previu este domingo que a publicação do relatório do comitê do Senado causará “violência e mortes” no exterior.
A Comissão de Inteligência do Senado decidiu em abril desclassificar um sumário de 480 páginas do relatório de 6.200 páginas, recopilado pelos democratas do comitê.
Segundo fontes familiarizadas com o documento citadas pelo jornal “Washington Post”, o documento conclui que a CIA exagerou no Congresso e o Departamento de Justiça a utilidade de técnicas como o afogamento simulado.
A CIA defendeu seu passado e, no início deste ano, acusou membros das equipes dos senadores de acessar informação ilegalmente, enquanto o Comitê, presidido pela democrata Dianne Feinstein, acusou a agência de ter os espionado.
O secretário de Estado, John Kerry, ligou na semana passada para Feinstein para refletir sobre a divulgação do relatório, levando em conta “as implicações na política externa” do país, o combate contra o Estado Islâmico (EI) e a segurança dos americanos sequestrados no mundo, explicou Psaki. EFE
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